segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Penduricalhos: um sarau estendido no varal

Fui-me pra Pasárgada
onde a existência
é uma aventura.
Fui crer na
distância entre
fui ver - da minha
câmera (quebrada!) -
o que os olhos
até então
não podiam crer. 
E senti: a vida é leve!
O mundo é leve e
Drummond, talvez,
completasse:

"ele não pesa mais
que a mão de uma criança"

Pedi pelo aviso
até dar por
mim e
de fato partir
ao meio
anseio - desejo de
quem teme.
Foi preciso
deixar a
máscara cair!
Deixar a ficha
escorrer.
E só aí
poder e querer
e mergulhar
nesse sonho de
olhos - bem - abertos.

Pesadelomedo,
nesse chuveiro
o pingo pinga
pinga e fere
e pifa: ohcéus,
o chuveiropifou!,
mas uma hora 
essa água
há de acabar.
Ela há de

se esvair
pelo ralo,
assim como eu,
só que um pouco

mais tarde.
 
Em Pasárgada
eu vi, nem
sei como,
nem quando,
mas vi o meu eu.
explodir, feito
bomba-relógio.
E fui, pouco a
pouco perdendo
os sentidos,
nem tato, nem olfato,
visão alguma;
nem som, nem gosto.
E me perdi
e esqueci
de mim... em si.

Aproveitei
pra desdizer
o que
um dia disse
e vi palavramarcarda,
uma vez
manchada,
jamais esquecida
palavra não-dita,
maldita
que insiste em
se pronunciar:
sou seu,
meu. - nosso!

Esse nosso olhar
cruzado foi
então marcado
naquele encontro
lado a lado num
balanço-de-cadeira.
Brincarte de quem
com o fogo mexe
e não se queima.
E arrisca ao
cada vez mais:
Ei!, quer brincar de ser feliz?

Aprendi
que em Pasárgada
a vida é um risco,
onde alguns,
achando bárbaro
o espetáculo,
prefeririam os (delicados)
morrer. No entanto,
ali a vida é
um - interregno -
frágil tempo
que se esvaira
como um sopro...

Ah!, Pasárgada,
um dia eu volto de lá.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Nosso presente

Embora a minha família se reúna quase toda em todos os domingos, nessas festividades de fim de ano, se instaura um novo clima na casa da minha vó. Período em que estamos atentos para toda a fraternidade que nutrimos uns pelos outros. Quando procuramos estar mais unidos. Buscando conciliações para desentendimentos ocorridos ao longo do ano, planejando essa grande festa e, o mais importante, não só lembrando do motivo desta data, como fazendo com que os outros se lembrem também.
Esse ano eu estive diretamente ligado à Novena de Natal na casa da minha vó. Resolvi tomar partido e propor uma nova leitura, ou, um novo olhar em cima da história de um dos homens mais influentes de toda humanidade - Jesus. Sugeri que fizéssemos uma retrospectiva da vida do Messias, tomando como ponto de partida a sua Ressurreição. Primeiro para que o final da Novena coincidisse com a noite do dia 24, quando celebramos o Seu nascimento e, segundo, para compreendermos que aquilo representa um renascimento.  A vida não termina quando acaba. A vida é um eterno recomeço, um ciclo.
E assim, pegamos nossas malas e voltamos no tempo, passando por sua aparição, depois de morto, à Maria Madalena e sua Mãe.  Vivenciamos a sua morte e tomamos, junto com os discípulos, a Santa Ceia. Admiramos a conversão de Zaqueu, ficamos aflitos com Marta e Maria na morte de Lázaro, mas festejamos a sua volta do mundo dos mortos. Vimos que Jesus, em seu Ministério, ensinou os que o seguiam através de parábolas e vibramos com os milagres que realizou. Passamos pelo batismo de João Batista e, Hoje, celebraremos a sua vinda a Terra.
Passar por esse tempo do Advento, como diz a Igreja Católica, trouxe um grande sentido a minha vida. Estive de braços abertos, sem críticas, embora fosse criado em berço evangélico, por minha mãe... Vi que Deus é um só e que as religiões, muitas vezes, podem somar o conhecimento, ao invés de disseminar discórdia, desavenças e guerras, como ocorre em alguns eixos desse Planeta.
Seria tão bom se todos se lembrassem do sentido dessa data. Fico triste quando ouço pessoas falarem que não se importam com o Natal, e só criticam, só ficam atentos para a hipocrisia, o comércio, o parente que não suporta ver, mas que nessa época, infelizmente, tem de se encontrar, para o trânsito infernal, as estradas lotadas... Fico triste com toda essa carga negativa que muitos jogam em cima do nascimento do menino Jesus.
Não nos esquecemos que em nossas vidas passamos por várias etapas. Um ciclo se encerra, para dar lugar a muitos outros. Vamos renascer junto com Cristo esta noite, vamos acreditar num dia melhor, num mundo melhor. Ouvi esses dias que quando a paz reinar, deixará de ser Terra e passará a ser Céu, mas que tenhamos, ao menos, alguns bons momentos de paz, perto de quem a gente ama, sentindo-se acolhido.
Esta noite vou agradecer a Deus pelo presente que ele nos deu, fruto do seu amor por todos que vivem aqui na Terra:

"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna."
(João 3. 16) 
 
Noite Feliz, Noite Feliz       
Ó Senhor      
Deus do amor    
Pobrezinho nasceu em Belém     
Eis na lapa Jesus nosso bem   
Dorme em paz, ó Jesus    
Dorme em paz, ó Jesus    
 
Noite Feliz, Noite Feliz   
Ó Jesus   
Deus da luz     
Quão afável é teu coração     
Que quisestes nascer nosso irmão  
E a nós todos salvar  
E a nós todos salvar  
  
Noite Feliz, Noite Feliz  
Eis que no ar Vem cantar  
Aos pastores Seus anjos no céu  
Anunciando a chegada de Deus   
De Jesus Salvador   
De Jesus Salvador!     

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Se joga

Afinal, que jogo
é esse,
sem juiz?
Quem apita
nessa história?
Quem dá
as cartas?

Jogo sem regras,
de quem brinca
com o fogo,
mas não tema.
Não se queima.

Quem arrisca
pular nessa amarelinha?
Quem vai querer
correr nesse pega-pega?
Quem de nós
se esconde?

Se eu sou polícia,
você é ladrão?
Se me roubar,
ganha prisão?

Aviso: nessa flor,
quem não quiser
mal (me) querer,
não arranque
a primeira pétala!

Afinal, como
conquista
o prêmio?
Quem se perde?
E quando
empata?
 
Ei!, é você aí,
só olhando,
de "altas".
Você mesmo!
Se joga e me diz:
que jogo é esse?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sobre a (minha) intimidade

Tudo se acalmou, embora aqui dentro muitas coisas estejam bem agitadas. É engraçado ver como me adaptei e até bem! Embora meu mundo estivesse ficado de pernas pro ar, quando entrei pra faculdade, eu aprendi a me assentar e levantar com calma para encarar toda essa nova realidade que se apresentou à minha frente. Um ano foi o suficiente para eu me organizar nessa nova vida.
Tudo mudou, mas a minha essência permaneceu-se viva. Esteve soterrada por algum tempo e não a encontrava em canto algum desses destroços, mas cá estava, intacta! Fortaleci bastante esse ano e descobri o valor da privacidade. Me preservar em alguns momentos desse ano foram fundamentais para hoje eu me sentir pronto para seguir e dar a cara a tapa.
Cheguei na faculdade meio imaturo em algumas coisas e tudo me pareceu festa à princípio. Mas aos poucos eu fui aprendendo a me guardar, a não expor tanto a minha intimidade, a escolher as pessoas com as quais eu iria de fato conviver e chamar de "amigo". Não se deve contar tudo a todos, não porque não se deva confiar nas pessoas, mas porque nem todos estão realmente interessados em te conhecer e em saber se você está bem, ou se está passando por algum problema. Um "oi, tudo bem?" muitas vezes deve ser respondido com um "tudo e você?", ao invés de "olha... não ando tão bem assim, tem acontecido umas coisas que tem me chateado bastante".
Foi um período de transição pelo qual eu passei e só obtive ganhos, mesmo que algumas coisas tenham parecido desastrosas lá no começo... O importante é que tudo terminou bem. Se é que terminou... Vivo um eterno recomeço e cada dia é um novo dia, uma nova, ou, mais uma oportunidade para ser feliz. Agora, até fisiologicamente eu me sinto melhor. No primeiro semestre eu estava com o nariz escorrendo quase toda semana, era uma tosse que não ia embora nunca. Até internado eu estive, por causas que nem os médicos, nem os exames souberam explicar bem.
Cá estou eu, reabilitado, saudável, feliz! Aprendendo com tudo o que enfrento nesse mundo cão. Esse ano de 2010 passou rápido demais, mas foi bastante intenso. E agora estamos no mês que, talvez, seja o que mais me encanta: dezembro. Eu amo esse clima de Natal que se instaura pela cidade logo depois do dia das crianças, em outubro, quando, pouco a pouco, as lojas vão se enfeitando e os Papais Noeis aparecem nos shoppings.

Um bom restinho de ano aos que me visitam aqui no blog. Esse não é um post de despedida, falta muito para férias, se é mesmo que eu consigo passar muito tempo sem escrever algo aqui.

Até.

"Eu te dou a minha mão
Te dou meu carinho
Pra ficar feliz juntinho
Pra ficar feliz
Pra te dar felicidade!"


by Ivete Sangalo

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Brincadeira-de-balanço

Sentado na minha
brincadeira-de-balanço,
paro para pensar e crio.

Desde menino
brincomigo.
Juntinho.
Hummm... nido!

Pega-pega
pique- -esconde
polícia-e-ladrão
tudo-tudo
imagemação

É acreditar
e ser. E dizer:
sou herói, sou rei.
Sou Capitão dos Mares,
sou Peter Pan e
Aladin.

Brincar de ser
quem não sou,
de ser quem se
imagina ser e
não é. Mas é!

Hoje brincoainda
Me liberto
cubro mundo
descoberto
Inverto
Arregaço cortinas

Brincarte
de ser criança
jovemadulto
que seja!
Ainda carregada
de sua leveza.

E continuar
e não deixar
se apagar e viver
naquele mundinho
imaginário - infindável! -,
que só mesmo
meninos são capazes
de aproveitar.

- Por quê?

domingo, 31 de outubro de 2010

O Encontro

Oi, hoje eu vim aqui só
pra dizer...
Só pra te ver e
tenho dito, e tenho
visto.

E insisto:
Oi, hoje eu vim aqui
pra sorrir.
Mais tarde, quem sabe o
tempo ria - por último -
de todas nossas brincadeiras.
Esses jogos silenciosos.
Jogos de quem olha
e não fala, e pensa
e diz, talvez.

Oi, hoje eu
vim aqui.
Relutei, persisti,
avancei, consegui.
E te vi, ainda de
longe, chegar.

Oi, hoje eu estou aqui.
Vim dizer, vim te ver,
que só olhar já não basta.
Agora vem logo,
me abraça.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Palavra Manchada

Vou desdizer o que disse,
como quem escreve por cima -
e não apaga.

A palavra marcada,
porém escondida.
Borrada.

Já viu borracha apagar
tinta de caneta esferográfica?
Percebe na mancha?
Corretivo algum tampa
a trapaça.

Na farsa,
vejo a máscara
que cai. Que escorre
feito tinta.
Que quebra... que
queda!

Vejo palavra
não-dita, maldita,
que insiste em se
pronunciar.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Viva!

A escrita se faz cada vez mais menos presente. O engraçado é que as ferramentas ainda estão aqui. A angústia diz "presente", a técnica diz "estou aqui", a inspiração completa "já vou!". No entanto, a palavra empaca, a frase não se completa, o discurso não sai.
Esse ano eu tenho visto tudo passar tão depressa. A vontade que tenho é dizer para o tempo: "Pára! Pára com isso. Deixa de pressa!". Mas nem sei se ele iria me ouvir...
Quando menino, o tempo ainda não era vilão... A não ser quando resolvia retardar os dias para o meu aniversário, que não chegava nunca, ou para as férias de julho, o Natal, o dia das crianças... Ai sim ele me fazia raiva. Mas do contrário, era um parceirão. O dia era longo para as minhas brincadeiras e as palavras "cansar" e "preguiça" não faziam parte do meu vocabulário. To começando a achar que esse mundo dos adultos não tem lá muitas vantagens.
Sinto falta de estar envolvido em minhas histórias, de explorar minha criatividade. Tanto tempo que não invisto em algum conto, algum romance inacabado... Pela brevidade das horas, o máximo que me dou ao trabalho é o de escrever alguma poesias para não deixar esse blog às baratas e teias de aranha.
Medo de perder meu lado artista para os meus novos compromissos. Lembro-me que a leitura me levou a escrita, e por gostar de escrever, entrei pro teatro e acabei por me apaixonar pelas artes cênicas. Seja como ator, diretor, "dramaturgo"... Qualquer uma dessas funções me encanta.
No início do ano falei aqui que gostaria de me "organizar" mais, controlar mais. Pois agora a minha palavra de ordem é: perca-se. E completaria com a frase: quebre as regras estipuladas para si mesmo e pare de sofrer! Passei um primeiro semestre "louco". Tentando colocar no lugar toda a minha bagunça subjetiva, desordem mental total. E foi em vão, ou não! Só sei que sofri. Só sei que, quase, enlouqueci - de vez! O certo é que estive bastante doente. Agora nem mesmo uma tosse vem me atormentar.
Como eu disse, agora eu vou me perder para depois me achar e desencontrar mais uma vez. Passarei a vida toda nessa busca, que a gente se veja algumas vezes, mas que a busca seja mais ou tão prazerosa como os encontros. Quero tentar "correr riscos". Improvisar. Vou rasgar meu roteiro de vida. Quero viver livremente, na medida do possível, dentro dos meus limites, ou fora deles. Talvez a palavra certa mesmo seja: viva!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Esquecido

Cá estou, nessa eterna busca
de mim mesmo.
E acabo por não me encontrar
nesse lugar. Esse caminho
eterno, chamado de Estrada Sem Fim.

Caminho tortuoso esse que
fui me meter, sem temer
me perder.
E perdi.
E pedi, mas não veio.
E clamei, por desespero.
E, de medo, sofri.
Escondido.

E aqui permaneço.
É que não sei se vou,
nem como, nem para onde e,
muito menos, com quem.
Se é que alguém se importa,
se é que alguém se lembra...
Se até eu me esqueci.

De onde é que eu vim?
E Alguém sabe mesmo me
dizer se a estrada não
tem fim?

Se ao menos eu me lembrasse.
Do começo a memória me falta,
o meio ainda está embaçado e...

Ah! Eu só esqueço!
E acaba e não vejo.
E perco-me aqui mesmo.

domingo, 29 de agosto de 2010

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sobre a falta que (o meu eu) sinto

Descobri que tenho certa dificuldade de ficar longe de casa por muito tempo. Mesmo estando perto de minha mãe, agora sinto falta daqueles que deixei lá,  no Brasil, estado de Minas Gerais, cidade de Belo Horizonte, região Leste, bairro Paraíso, rua... Minha casinha, com meus tios, meu quarto, minha cama, travesseiro, escrivaninha, livros!
É mesmo difícil se sentir completo, se de lá, sinto falta do que tenho aqui, minha mãe... Aqui eu também sinto um buraco enorme. A verdade é que eu não consigo viver sem esses dois mundos. E pensar que estou no meio da minha viagem ainda, passou tão pouco para eu estar sentindo essa saudade...
Eu gosto de rotina, dos meus compromissos, acorda às 6h pra chegar à faculdade às 7h30, tal hora eu tenho que ir pra natação, quarta é dia de Saia Justa, no canal gnt, às 22h30, sexta é dia de balada com os amigos, domingo é dia de ir pra casa da vó.
Em BH eu tenho a liberdade de ir pra qualquer canto sem depender de ninguém. Basta eu pegar um ônibus, um taxi, que eu consigo chegar aonde eu quero. Eu sei como ir, na maioria das vezes. Aqui é mais difícil, logicamente por ser um novo lugar, preciso aprender quais ônibus tomar, como funciona o sistema ferroviário, bastante utilizado pelos norte-americanos, ou então ir de carro, com alguém, para os lugares que pretendo. Nessas horas eu vejo o quanto sou acomodado com as coisas, apegado ao fácil. Vejo como é difícil, se é que é mesmo, sair dessa zona de conforto e aprender a me virar em outro lugar. 
A rotina da maioria dos brasileiros que conheci até agora é bem corrida. Trabalha-se muito, no entando sua mão-de-obra é valorizada. No verão, como agora, nos finais de semana, os amigos se reunem para fazer churrasco do lado de fora da casa, beber, bater papo... Conseguir as coisas aqui é bem mais fácil, as coisas aqui não são tão caras como no Brasil. Em Philadelphia existe um bucado de bar/boate brasileiro, que toca axé, funk, sertaneijo (ecate!). Mas o mais interessante é que aqui essas festas só podem ficar até 2h da madrugada, é lei. Depois disso todos esses estabelecimentos se fecham e o povo vai para as "after party" na casa dos outros. 
Felizmente esta é só uma viagem, embora eu tenha muita vontade de vir para cá passar um semestre, ou o período das minhas férias (três mêses) com minha mãe, aproveitando também para fazer algum curso de inglês. Aqui eu estou pegando uma maior fluência, vejo que eu entendo muita coisa. Às vezes, por nervosismo, eu ouço, acho que não entendi o que a pessoa falou, pergunto de novo e quando a pessoa repete eu vejo que eu sei o que está me dizendo.
Eu também tenho visitado bastantes lugares, estive no centro de Philadelphia que é maravilhoso, passeei em alguns mall, fui à Atlantic City, em New Jersey, onde há praia e Cassinos no calçadão e ontem eu fui pra New York, cidade que tanto me encanta... Mas essa viagem já valeria só pelo convívio com minha mãe. É tão prazeroso estar perto dela, sempre tão bem-humorada, engraçada... Com ela não tem tempo ruim. Eu não quero nunca me acostumar com essa distância que nos separa. Às vezes eu penso que não, mas eu vejo que ela me faz muita falta...
Espero um dia poder conciliar esses dois mundos. Não vai demorar, logo logo eu virei para cá e irei embora junto com minha minha mãe. E tenho certeza que ao chegar no Brasil será a maior festa.  Sei que muita coisa mudará, assim como mudou quando ela decidiu vir para cá. Como toda mudança, terá suas perdas e ganhos, mas só de não ter mais essa distância, tenho por mim que será bem melhor.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Papo de 'corrente' e outras coisas mais

Eu tenho uma tia, Eliana, que é uma grande referência em minha vida. Boa parte da minha motivação em fazer psicologia foi por sua influência, por ouvir seus casos na clínica psicanalítica. Além desse, temos outros interesses em comum, todos os finais de ano, costumamos planejar várias coisas para o Natal e Ano Novo. De amigo oculto às dinâmicas que sempre propomos, sem falar nas lembrancinhas, sempre criativas e diferentes das anteriores.
Esses dias ela me mandou uma 'corrente' por e-mail e acredito que qualquer pessoa com bom senso sabe que ' corretentes' são um SACO! Só servem para lotar nossa 'caixa de entrada'. Pois bem, resolvi responder seu e-mail, para lhe encher um pouco o saco:

"Uai Tia Eliana, a senhora agora deu pra mandar "corrente" pr'os outros? aushushs
Tá, tudo bem, a mensagem era até bonita.

Um beijoo do seu sobrinho que muito lhe estima."

Passaram-se os dias e nada de eu receber alguma resposta, mas também, era apenas um recado para discontraí-la em seu trabalho, ou sabe-se lá o lugar no qual ela fosse ler o e-mail.
Hoje, embora de férias, querendo desvencilhar dessa vida virtual para aproveitar mais o tempo livre, abro o meu e-mail e cá a resposta da minha querida tia:


"Filipe,
 
  Larga de ser chato, eu sou gente também viu seu bobo.
  um beijo,
  sua tia que muito lhe estima e adora corrente."

Ai, mas eu achei o maior barato, mais bem-humorada impossível.
Ela, desde sempre, me ensinou a valorizar esses tais laços familiares tão importantes em nossas vidas. Ensinando e reforçando, a cada ano, a importância dos valores e virtudes que aprendemos com esses entes mais que queridos, 'amados'. 


ps. Deixo aqui a mensagem escrita na tal corrente enviada por minha tia:

"Passando pra dizer que algo bom aconteceu comigo...
 Hoje recebi esse recado (abaixo), e quando estava
 começando reenvia-lo, recebi uma ÓTIMA notícia...
 Espero que  dê certo para vocês também!!! 


 Com carinho!

Salmo 100:4 Deus tem visto suas lutas. Deus diz que elas estão chegando ao fim. Uma bênção está vindo em sua direção. Se você crê em Deus, por favo envie esta mensagem para 20 amigos, retornando também a quem te enviou... não ignore, você está sendo testado(a). Se rejeitar lembre-se disso: "se me negas entre os homens te negarei diante do pai". 
Dentro de 4 minutos darão uma notícia  BOA. Funciona mesmo... não custa tentar!!
 
 "O vazio do nosso coração é do tamanho de Deus"
                                                                                  F. Dostoyevisky   "

quinta-feira, 1 de julho de 2010

(des)controle

"Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir

Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me entregue suas penas
Já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada"


                                                                                    Arnaldo Antunes 


Esses dias ouvi de uma veterena minha que os meus próximos cinco anos serão determinados pelos meus semestres da faculdade. Os horários das minhas aulas irão variar de período para período, portanto estarei sempre me (re)programando.
A verdade é que eu estou sempre, SEMPRE, me programando. Eu estou constantemente tentando me encaixar numa rotina "perfeita" na qual eu estudaria, mas também teria horários "fixos" para assistir filme ou outros programas afins. Sem falar das mil atividades como natação, teatro, inglês e sabe-se lá mais o quê eu invente para fazer. Tudo. Tudo em, míseros, sete dias.
Eu acredito que nem preciso dizer que isso nunca dá certo. Eu nunca consigo seguir esses compromissos, se é que podem ser chamados de compromissos, e acabo me sentindo mal. Tudo porque me cobro demais. Eu estou farto de tudo isso!
Esse foi um semestre bem difícil. Não sei se é porque ano passado eu não fiz "nada" de muito relevante, além de levar uma vidinha casa/cursinho, mas nesses últimos seis meses aconteceram tantas, mas tantas coisas. E eu passei abril, maio e junho tentando me organizar, tentando me programar, tentando me enquadrar num estilo "x" de vida...
Estou sempre querendo estar no controle da minha vida mas eu vejo que as coisas não funcionam dessa maneira. Sei que no final tudo dá certo, mas como ter certeza se não posso fazer muito? Se não está nas minhas mãos?  Eu simplesmente tenho dificuldade de deixar as coisas rolarem.
Esses dias eu me propus uma dinâmica que vi em uma reprise do Saia Justa com a formação original (Rita Lee, Fernanda Young, Marisa Orth e Monica Woldvogel). A brincadeira consistia em falar como pensamos que os outros nos veem, como nos vemos e como gostaríamos de serem vistos. Fiquei o meu percurso todo, daqui de casa até a faculdade, dentro do ônibus, questionando-me: como eu me vejo? Como eu me vejo!?!?!
Por vezes eu respondia para mim: eu me vejo como uma pessoa tranquila, equilibrada, otimista, calma... Mas isso não é verdade. Não nos últimos tempos, os quais eu ando sempre preocupado, sempre procurando racionalizar sobre tudo o que anda me acontecendo. E dá-lhe terapia, sessões e mais sessões para me ajudarem a dar conta, ou melhor, para me mostrarem que eu não preciso dar conta. Mostrar que, na verdade, eu preciso é deixar as coisas seguirem seu próprio rumo, sem muita preocupação... E isso me irrita! Me irrita pelo fato de eu ver que as coisas devem ser assim, mas eu não consigo.
Hoje as coisas me parecem tão esquisitas, tão embaçadas... Meu sistema sensorial falhou. Eu acredito que tudo é questão de adaptação. Amanhã as coisas podem parecer mais claras, ou ao menos fingirem-se de claras.
Eu não quero querer perder o controle descontrolado uma vez perdido controlado não mais adquirido!

sábado, 19 de junho de 2010

Nem como, nem como como

Uma bomba de chocolate veio parar na minha mão,
não tenho vontade de comê-la, nem quero desperdiçá-la.

Está aí, meu mundo caiu
e tudo virou mashmallow.

Um gordão passou por aqui e comeu tudo.
Restou os granulados, meus amados, jogados pelo chão.

Junto tudo o que sobrou, que não foi muito
mas tem seu valor calórico.

Algumas torradas queimadas na borda,
algumas empadas, uma coxinha... feita por meus avós.

Mais nada! Nem ninguém nas próximas confeitarias.
O padeiro fizera muito de me deixar por aqui, para experimentar...

Farei a dieta. Erguerei toda a pelanca,
com suas celulites, estrias, varizes, dobras, assaduras e abstinência.

Só não sei se como.
Nem como como.

ps. Uma paródia de Nem como, Nem quando por Jéssica Batista, a Cool.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Sem sentido(s)

Estou perdendo os sentidos.
Já não consigo sentir
o cheiro, que é
só seu característico.

Estou perdendo o sentido.
Já não enxergo as
suas formas, os
seus fortes traços.

Estou perdendo o senti.
Já não sinto o teu gosto,
ora amargo, ora doce,
ora azedo,ora salgado - de suor .

Estou perdendo o sen.
Já não consigo te ouvir,
nem mesmo a declaração
que sai da minha própria boca - pra sua.

Estou perdendo.
Nem tato, nem fato,
textura alguma,
nem minha, nem sua.

domingo, 6 de junho de 2010

"Eu não sou eu,
Nem sou o outro
Sou qualquer coisa de intermédio" 

                                                               Mário De Sá Carneiro

sábado, 5 de junho de 2010

Entregue-se


Desisti de nadar contra maré, vou me deixar levar... Sem medo de sentir uma fadiga, um cansaço, que me faça desfalecer...
Eu continuo o mesmo, no entanto, mais frágil.  Tem sido difícil lidar comigo dessa maneira. Sempre fui tão durão, afirmava pra mim mesmo: eu dou conta. Talvez eu até conseguisse segurar a barra, mas de um tempo para cá, isso não tem acontecido. Minhas paredes desmoronaram, foram levadas pela correnteza, se não soubesse nadar, já teria me afogado. O meu eu levado à lugares bem fundos, verdadeiras fossas marítimas. Perdendo o fôlego, balançando os braços e pernas, tentando voltar a superfície... até descobrir que eu poderia respirar ali, debaixo d'água.
Eu estou começando a me acostumar com esse turbilhão de emoções que me assaltam. Estive pensando: será que a vida não deve ser mesmo assim, agitada? Passar por sufocos, choros e choros... Talves as coisas deveriam seguir assim, uma vida de tons mais fortes e carregados, ao contrário dos tons pastéis que costumavam tingir minhas fotografias, momentos capturados, flashs!
Sabe, se a vida não fosse assim, tão intensa, talvez não tivesse a mesma graça. Somos pedras brutas, modeladas pelo intemperismo. Essas nossas experiências, por mais tortuosas nos pareçam, são válidas.
No entando, não descarto um momento de repouso. Haja jogo de cintura para dar conta de tudo. Por aqui, as coisas estão até mais calmas agora. Não precisei de uma pomba, como Noé, para trazer um sinal de "terra à vista". Posso ver, com meus próprios olhos, a baía. A praia está logo ali, falta pouco. Preciso de sossego. Preciso parar, refletir, processar com calma tudo o que está se passando para continuar.
Descansarei por um breve tempo nessa praia... Para aí sim, seguir em frente.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Nem como, nem quando

Uma bomba relógio veio parar na minha mão,
não tenho tempo de afastar-me dela e nem sei como desligá-la.

Está aí, meu mundo se explodiu
e tudo virou bosta.

Um furacão passou por aqui e devastou tudo.
Sobrou os destroços, meus troços jogados pelo chão.

Junto tudo o que sobrou, que não foi muito,
mas tem seu valor sentimental.

Algumas fotografias queimadas na borda,
algumas cartas,  uma correntinha... que ganhei de meus avós.

Mais nada! Nem ninguém nos próximos km quadrado.
Deus fizera muito de ao menos me deixar por aqui, para reconstruir...

Farei a reforma. Erguerei toda a cidade,
com seus prédios, casas, parques, lojas, múseus e teatros.

Só não sei quando.
Só não sei como.

domingo, 23 de maio de 2010


Essa criança só quer atenção, só quer que percebam a sua existência. Para isso, ela chorará, sorrirá, dará um show, se necessário. Ela só quer o seu olhar, melhor não contrariar.

Dois anos: essa tentativa deu mais que certo. Quando resolvi criar esse blog, eu estava pensando em tentar, mais uma vez, sustentar um espaço virtual, pelo qual eu poderia me comunicar com outras pessoas, divulgar minhas palavras, trocar idéias... Só que tudo isso é muito diferente na prática. Essa voz que agora vos fala, hoje fala para si, primeiro. E foi por entender que as coisas deveriam ser assim, que continuei a escrever.
Aqui está o meu bloco de notas, onde rabisco, improviso, uso e abuso.  Meu monólogo interior. 

ps. Como havia dito no último post, tenho uma boa notícia: renovei meu Visto. Em julho visitarei mamãe.


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Mensagem nova na sua Caixa de Entrada


Meu – nem tanto – Irritante eu,

Escrevo para te dizer que estou melhor. Passado o sufoco das emoções, só me foi necessário esperar para que tudo voltasse ao seu lugar. Ainda há coisas a se organizar, guardar... Jogar fora. 
Vejo que entrei de vez nesse universo adulto, onde devo comportar de maneira madura, sem muitos chiliques típicos de criancinha chata e mimada. Bancar o rebelde nem será o melhor remédio, já foi a época. O melhor mesmo será acalmar, compreender tudo o que está se passando e seguir em frente.
Eu não quero viver uma vidinha mais ou menos, medíocre. Vejo que tenho levado as coisas de maneira tão chata, tão sob pressão, cobrando tanto de mim. Assim não dá! Lembra que eu havia lhe dito que esse ano queria levar as coisas de maneira mais leve, estilo take it easy de ser? Pois é, venho fazendo totalmente o contrário. 
A única coisa que me conforta no momento é pensar que tudo é uma fase. Tudo. E que crescerei bastante com essas coisas que estão acontecendo aqui dentro, com esse crash.
Prometo mandar noticias em breve e, ainda, com boas novidades.

Um beijo,

Do seu amigo, Lipe.

sábado, 1 de maio de 2010

Ochuveiropifou

Esse espelho está embaçado,
passo os dedos e só
dificulto mais a minha visão.

É culpa desse vapor de água
que sai do chuveiro ligado,
sempre ligado.

Ochuveiropifou. Parece
não querer mais desligar,
parece querer insistir em pingar.

Esse excesso de água enruga
minha pele, a pele dos dedos,
a pele do corpo, num todo.

Uma hora essa água há de acabar.
Ela há de se esvair pelo ralo,
assim como eu,
só que um pouco mais tarde.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sobre o 'tudo'


"Ando com minha cabeça já pelas tabelas
Claro que ninguém se toca com a minha aflição
Quando vi todo mundo na rua de blusa amarela
Eu achei que era ela puxando o cordão." 

Ainda sobre o novo que me atormenta...

Meu mundo está de pernas pro ar li-te-ral-men-te. Ele está fragmentado e, com isso, sinto-me perdido. Pessoas novas entraram na minha vida, vindas de lugares diversos, com cultura e conceitos diferentes do meu e, por hora, isso confronta com os princípios, os quais eu carreguei/carrego até aqui. Parece bobo, mas tudo isso realmente me afeta.
Acredito que só agora entrei de vez nesse universo jovem, para não dizer adulto. Estou aprendendo os seus protocolos, seus acordos e tudo o mais. 
Volta e meia eu sinto necessidade de reestruturar o meu ego e dizer: quem é você? De onde você veio? Sinto imensa necessidade de voltar para mim por um tempo para digerir todas essas coisas que tem me atravessado. Eu senti o peso desse novo desde que minhas aulas começaram, quando comecei a andar pelos corredores da FAFICH e conclui: isso aqui é muito diferente do que eu conhecia. 
Talvez eu vivesse num mundo ainda infantil/infantojuvenil, mais inocente, não nego! E as mudanças nessa atmosfera mudaram abruptamente. Só aos poucos eu vou absorvendo e organizando tudo. 
Mas tudo isso é bom, muito bom para falar a verdade. Vou amadurecer bastante. Gosto de conhecer pessoas novas, diferentes de mim que tenham uma outra perspectiva de vida a me mostrar, que tenham coisas novas a me acrescentar. Só que a minha adaptação leva tempo, o que é muito natural.
Ainda bem que tenho a minha terapia, além dos meus amigos, é claro, para me ajudarem a racionalizar em cima dessas coisas que acabei de contar. Tenho também a escrita, ela eu tenho certeza, não me abandonará nunca!

- Vamos enfrentar tudo isso, de mãos dadas. Vem comigo?

sábado, 24 de abril de 2010

Sweet Nineteen


Espero que o cansaço físico e mental não me empeçam de exprimir da maneira certa tudo o que tenho para falar. Falar é preciso...

Hoje completo os meus 19 anos. Os números pouco importam, pelo menos por agora... O mais válido no momento é observar como tenho amadurecido, como tenho vivido minha vida intensamente. 
Digamos que eu esteja em um momento ímpar da minha vida. Acabo de entrar pra faculdade, estou conhecendo um milhão de pessoas gente boníssimas, há um turbilhão de informações a serem processadas no meu cérebro, muito, mais muito conhecimento vindo pela frente...
Confesso que estive perdido, talvez eu ainda esteja. Tenho dificuldade de me ver nessa corda bamba, sem qualquer apoio para eu me segurar. Mas é isso,  o menino cresceu e não tem mais a mãe ao seu lado para acompanhá-lo onde quer que ele vá, para lhe dar a mão na hora de atravessar a rua, para o defender das coisas ruins que a vida, por vezes, insiste em nos apresentar. 
Sempre fui muito adulto pra minha idade e isso às vezes é ruim. Tive infância sim, tive adolescência também, com as típicas crises existências que nos assaltam nessa época... Mas eu nunca tinha 'curtido' minha vida como um jovem, como tenho feito agora. carpe diem. Isso faz falta, muita falta. Não há nada melhor do que estar ao lado de pessoas que você gosta, que te fazem bem...
Eu estou me organizando ainda, mesmo porque tem pouco tempo que minhas aulas começaram e que meu mundinho ficou de pernas pro ar devido ao universo novo que me foi apresentado. A minha terapia tem me ajudado muito a racionalizar em cima de tudo isso. Lá eu organizo as minhas ideias. 
E lá se vão quase quatro anos de terapia... Digamos que esse processo de auto-análise me ajudou muito a enxergar o Filipe que sou, ou, os Filipes que sou... Cheios de defeitos e qualidades também, porque não!? Tenho imensa dificuldade de lidar com os meus erros, meus defeitos... Me repudio mais do que eu devia, volta e meia esse meu eu. ainda se faz irritante... Contudo não me nego um abraço apertado, uma palavra de apoio.
Assim eu sigo, procurando me aceitar com todos defeitos e qualidades, melhorarando como pessoa. Quero me aperfeiçoar na minha arte - a escrita. E ,acima de tudo, viver, mas com a graça, com a cor, com essa ginga que me é peculiar.

domingo, 11 de abril de 2010

Um (outro) canto

Vou me lançar,
vou girar...
Vou dançar valsa,
vadiar...

Vou viajar nessa idéia,
vou acreditar nessa farsa!

Vou me lançar,
vou gritar...
Vou dançar salsa,
rodopear...

Vou mergulhar nesse sonho,
vou me desligar desse mundo - real!

Vou me lançar,
vou sem medo.
Vou pr'outros cantos
com esse canto.

Vou visitar outros terrenos,
vou me envolver nesse encanto!

- Me acompanha nessa dança?

sexta-feira, 26 de março de 2010

Des(Nú)do

Pode tirar essa máscara, meu bem,
aqui somos eu e você.

Deixa disso, garoto,
deixa de graça.

Assim você pode ser, camarada,
sem muitas máscaras.

Não faz trapaça, menino,
não sou palhaça.

Desnude-se agora, meu chapa,
ou vá já pra casa.

Mas caso ainda quiser,
caso a coragem voltar...

Não se avexe, meu nego,
e corra pra cá.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Avise-me

Por favor,
se tu assim quiseres,
despeça-me.

Eu até sofrerei,
eu até chorarei,
eu até soluçarei...

Mas, por favor,
se assim tu achares melhor,
despeja-me.

Pois eu irei,
em pedaços - eu sei -,
com minhas lágrimas,
é claro, e sem seus afagos.

Enxota-me,
se assim preferires,
só, por favor, não
se esqueça de.

sábado, 13 de março de 2010

Partido Alto

"Deus me deu mãos de veludo
Prá fazer carícia
Deus me deu muitas saudades
E muita preguiça
Deus me deu pernas compridas
E muita malícia
Pra correr atrás de bola
E fugir da polícia
Um dia ainda sou notícia

Deus me fez um cara fraco
desdentado e feio
Pele e osso, simplesmente
Quase sem recheio
Mas se alguém me desafia
E bota a mãe no meio
Eu dou porrada a três por quatro
E nem me despenteio
Porque eu já tô de saco cheio."

by Chico Buarque,
na voz de Cássia Eller

sábado, 27 de fevereiro de 2010

A vida é leve, acredite!


- Você pode ligar o som?
  
Um hiato entre o ato e o fato consumado.

- Obrigado. Agora apague as lâmpadas. Incluindo a da minha cabeça. Assim fica melhor. 

Primeiro, o sopro. Depois, o verbo. Certamente foi aquela coceirinha nas mãos, vontade de criar, que levou Deus a fazer tudo, tudo isso. O mundo como ele é e como imaginamos que seja. Tudo não passa de simples versões subjetivas - até demais.
Quem nunca viu o filme da vida passado em sua cabeça deitado na cama, antes do sono o capturar? Pura dramaturgia.
 A vida é leve, acredite. E prazerosa. Há beleza também na dor. Há força também e insegurança.

- Faz tanto tempo. Mas agora me lembro.

Meu coração despertou, eu posso sentir. As lágrimas, uma vez ausentes, agora estão até constantes. Eu já posso sentir o alívio de quem sente e não guarda. E não acumula.
Volto a dizer: a vida é leve como uma brisa. Fomos nós quem criamos toda a confusão, desde Eva, Adão e a Maçã. O caos. Mas as coisas não haveriam de ser assim mesmo, dessa forma? Sem muitas respostas, com várias questões? Com mais portas fechadas do que chaves no molho?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Vapt vupt (1ª parte)


Há sempre uma intenção por trás da palavra.

E, por trás da intenção, uma vontade - implícita!

Será?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Da minha câmera (quebrada!)

Pesco você com um zoom.
Capto, no ato: gravo
na fotografia.

Vou examinando você, descamando.
Mas você, você não acaba,
você é só casca.

Até quando vou
desmembrar-te,
parte a parte...

Não, você não acaba,
é troço sem fim.
- Sai de mim!

Guardo-o numa câmara,
na memória da câmera,
dou-te um descanso.

Mas você, você não tarda
a se revelar.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Os meus serás e rock’n roll’s

Nós somos o que somos e é mesmo muito difícil nos mudar. Será verdade? Não. Ou sim, sei lá! Mas o fato é que escrevi aqui no fim do ano sobre a minha mesmice irritante, afirmando ter me deparado com as questões de sempre – bem recorrentes –, em minha terapia e agora, em menos de dois meses já estou pensando diferente, ou não!
Será que podemos condicionar nosso comportamento? Por exemplo, eu sempre fui muito acomodado, preguiçoso talvez, nunca estudei muito na escola, talvez por ter facilidade com as matérias, talvez pelo nível da escola não ser muito puxado... Só sei que ano passado tive de mudar minha postura e foi bastante difícil. Eu sentava para estudar, passava uma hora, duas, e antes de completar três horas, eu já estava pensando em mil coisas, saindo totalmente do foco. Confesso que com o costume, eu fui aprendendo a estudar. Mas a ‘preguicinha’ e o comodismo ainda moram aqui, e andam de mãos dadas!
Com isso, eu vejo que nós podemos nos disciplinar, corrigir certos ‘defeitos’, mas e os nossos pensamentos? Nós podemos mudá-los? Será mesmo?
Eu disse há dois ‘posts’ que iria ser chato com dignidade daqui pra frente. Na verdade eu quero ser, não só chato, mas ser o Filipe com dignidade, sem recriminações. Será que com o tempo, com o exercício diário de dizer: Ih, falei besteira, mas deixa pra lá... Eu vou me acostumar? Ou vou ter que fazer sempre esse mesmo ‘esforço’ pessoal?
Hoje, nesse momento – talvez isso mude até o momento em que eu postar –, eu vejo que certos pensamentos terão de ser exercitados “pelo resto da vida”. E como procuro ser uma pessoa educada, bem humorada e positiva, vou ter que espantar os pensamentos negativos sempre que surgirem.
Vou ter que me dizer: não julgues, o que você tem a ver com a vida do outro? Para evitar tirar conclusões erradas, ou certas, de todas as pessoas com as quais eu convivo e as que eu não vejo no dia-a-dia também! E por julgar os outros, eu, muitas vezes, recuo minhas atitudes e/ou opiniões por medo da crítica, da resposta que irei ter do outro.
É certo que com as minhas mudanças repentinas de opinião, eu já até me acostumei. Agora – pelo que deu pra perceber – eu estou procurando ir mais fundo, questionar, repensar, remodelar outras questões... Já diria Raul Seixas: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, eu prefiro ser essa metamorfose ambulante,” do que ser aquela velha ‘forma’ formulada pelo tudo, do que ser aquela velha ‘forma’ formulada pelo tudo que já me atravessou, que hoje eu já nem sei quem sou...

Obs: ”Eu vou desdizer aquilo tudo que eu lhe disse antes”!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Velho amigo

Abro a janela para que as coisas aqui dentro possam estar mais claras. Com um giz, desenho imagens encomendadas pelo meu inconsciente. Assim é tão fácil expressar, apenas despejar sobre o papel a vontade, mais tarde, traduzida em coisas que dão sentido. É dessa maneira que gosto de me manifestar.

O sol trás luz e calor. O calor me faz bem. O calor me faz mal. Assim costumam ser as coisas aqui dentro, não seguem uma lógica. Elas se contradizem. E quem disse que nos contradizer não é normal?

Farejando o passado, reencontrei um velho amigo: L.! Tão distante, tão por perto. Tão intenso aqui dentro.

L. está aprendendo a dizer sim a tudo aquilo que um dia teve vontade de dizer, mas não pode, não deu conta.

É, L. CRESCEU. Casou, mudou e não nos convidou. Foi viver no campo. Foi conhecer outros cantos, outros encantos...

L. olhava de longe a porta que estava logo ao fim do corredor. Caminhou devagar, um pouco hesitante, o coração apertado com o medo recorrente que costumava lhe assombrar. Arredou a porta que estava apenas escorada e espiou pela fresta que havia surgido.

- Vem, pode entrar.

O quartinho era meio obscuro. Uma mesa ao centro, a lâmpada mal encaixada no teto iluminava pouco todo o interior do cômodo, alias, iluminava somente o centro para falar a verdade. Os outros estavam sentados, ele, ainda à porta, pensava um pouco antes de tomar qualquer atitude.

Sempre, sempre distante. Aéreo. Assim costumava ser.

Um dos outros arredou uma cadeira para que L. viesse e se sentasse. “E se eu for até lá, como será?”. Ele costumava se lembrar de alguns fatos do passado, esse tão azucrinador em certos momentos. Era de lá que sua insegurança vinha, era de muito tempo.

L. afastou a porta até o canto, caminhou até a mesa e se sentou. E a luz, que falhava, se apagou.

- Quem fechou a janela?

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Tin tin!


Querido diário,

Foi aqui que tudo começou, há uns cinco anos... Quando te procurei para, a partir de então, registrar tudo o que viesse a acontecer. Inspirado em Anne Frank, claro. Foi assim que comecei a praticar minha escrita, logo em seguida vieram as primeiras "crônicas", se assim posso considerá-las, as primeiras poesias, os romances inacabados, os contos, ainda, em fechamento...
Com você, veio também o meu processo de 'auto-conhecimento'. Quantas vezes o questionamento 'quem eu sou?' passou por suas páginas? Quantas! Eu queria, a todo custo, me enquadrar nos conceitos já formulados. Imaturidade, talvez... Faz parte da idade, na época eu tinha meus 13 anos.
Logo depois, acredito que você se lembra, eu comecei a fazer terapia. Ah, que grande iniciativa a minha. Foi uma das melhores coisas que fiz até hoje. Nesse processo de análise pude exorcizar tantos fantasmas, deparar com outros tantos, reencontrar... Tem sido muito, muito bom.
E, nesse tempo, eu pude amadurecer também na escrita. Às vezes ainda tropeço nas palavras, cometo alguns erros, difíceis de serem encarados... Muitas vezes, por causa deles, pensei em acabar com meu blog e começar do zero. No entanto, eu sempre frisava para mim mesmo que todos temos um passado, esses errinhos fazem parte da minha história, compõem a caminhada ao progresso.
Falando no blog... Em maio completamos dois anos. Fico feliz em ver que estou persistindo nessa história. Tive um outro, Memórias de um futuro remoto, mas que não tinha dado muito certo. Havia desanimado pelo fato de não aparecerem leitores... Às vezes até apareceram, mas eu não cheguei a notar. Mas daí foi bom, com o Meu eu. - um dia irritante! -, descobri que nós temos que ser o nosso primeiro leitor. Devo escrever, ler, avaliar, criticar e, algumas vezes, dar lugar à vaidade e sentir aquele orgulho: mas que lindo texto!
Tudo isso tem me ajudado muito a chegar num denominador comum, à incansável busca pela minha essência.
Já cheguei a conclusão de que eu sou meu maior vilão. Eu me derrubo no chão como ninguém. Faço de mim mesmo um mártir. Não aceito meus erros com facilidade, daí, acabo "sofrendo" de uma crônica culpa. Desde sempre, eu nunca gostei que meus pais, ou, meus tios me corrigissem. Quando eu via que estava errado, já era o fim. Ficava nervoso se me chamassem a atenção, já não bastasse as minhas próprias broncas.
Esse ano eu resolvi que vou viver de forma mais leve. Sem muitas cobranças pessoais, errando muito e me ligando ao 'fodas'! Vou aprender a não ligar para a opinião alheia, principalmente aquela que um certo Lipe Arêdes formula de mim (rs). Mas é que muitas vezes me taxo de muitas coisas, julgo-me chato, por exemplo... Mas esse ano eu decidi e vou ser chato com dignidade. Eu enxerguei isso nessa edição do Big Brother (tá vendo, 'ele' também é cultura). A participante Elenita é extremamente chata. Ela fala quando deveria ficar calada, problematiza em cima de tudo o que os outros falam, é irreverente no seu jeito gorda de ser, 'causando'' com suas roupas curtas - saias justas! -, mas não está nem aí.
Então, caro diário, é isso: Esse ano eu quero ser; sem sofrimentos e cobranças. Quero poder dizer: que cagada, heim! Mas bola pra frente. Não quero estacionar no tempo. E sei que tudo isso só virá somar ao meu amadurecimento.

- Um brinde à minha chatice!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Eu e o mar

Não tenho aquela paixão pelo mar,
sou mais admirador do céu,
bastante firme no chão,
mas o mar... Ele vive distante de mim.

Eu prefiro ficar sentado na areia, do que
avançar sobre as ondas, mergulhar, furar...
Isso não me encanta.
Não agora, não até hoje.

De cá eu só observo, vejo a maré levantar.
Penso, penso muito. Sinto.
Deixo elevar meu pensamento, que flui,
mas não pela água, e, sim, pelo ar.

A brisa renova meu ser,
ensina-me a ver e rever os fatos,
a repensar outros casos...
A decidir...

Mas o mar - nesse instante - está logo ali,
a alguns poucos metros de distância,
a me esperar...
Mas lá, eu não vou. Não por agora.

Quem sabe um dia,
nós dois, numa mesma sintonia,
poderemos nos cruzar.
Eu e o mar... Eu e o mar.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Enfim, a certeza

Vejamos: há uns três dias a certeza suprimiu a angústia que passeava aqui dentro. A notícia de que eu tinha passado na UFMG veio da melhor forma possível, assim penso. Eu estava na praia e não pude ficar na espreita, acabei recebendo o resultado pela boca de outra pessoa e isso eliminou todo aquele nervosismo que eu teria passado em frente ao computador.
A sensação de vitória é boa demais e me falta palavras para descrevê-la. Pensar que todo esforço não foi em vão... Que Deus me abençoou muito durante todo o processo de estudos e provas. Foi tudo muito exaustivo, abri mão de tantas coisas... Coisas tão importantes para mim, prioridades passadas... No entanto, valeu a pena. Deu certo.
Agora uma nova fase se inicia em minha vida e, como sou chegado a todos esses misticismos, de começos e finais de etapas, vou curtir todo esse momento bastante.
Posso dizer que estou de volta à minha vida, vivida (mais ou menos) à minha maneira, com alguns intempéries, é claro. Voltarei pro teatro, continuarei a fazer minha natação e mergulharei de cabeça no meu tão querido curso de psicologia. Neuroses e mais neuroses pela frente.
E que eu continue aqui, nesse Meu eu., não mais irritante, trabalhando minha escrita, melhorando pela prática e pelas leituras que faço.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Juntando as malas.
Abrindo o guarda-roupa, escolhendo as peças necessárias para a fuga.

- Não sabe o quanto eu estava esperando por isso.

Refúgio.
Um lugar bem tranquilo, é lá que quero estar.

"Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca da Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
[...]

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada."

(Vou-me embora pra Pasárgada, de Manuel Bandeira)

Vou-me embora. Por uns tempos apenas.

- Vai, vai sim, que Eu te espero.

ps. Avisem-me quando tudo estiver certo. Concreto.