sábado, 5 de junho de 2010

Entregue-se


Desisti de nadar contra maré, vou me deixar levar... Sem medo de sentir uma fadiga, um cansaço, que me faça desfalecer...
Eu continuo o mesmo, no entanto, mais frágil.  Tem sido difícil lidar comigo dessa maneira. Sempre fui tão durão, afirmava pra mim mesmo: eu dou conta. Talvez eu até conseguisse segurar a barra, mas de um tempo para cá, isso não tem acontecido. Minhas paredes desmoronaram, foram levadas pela correnteza, se não soubesse nadar, já teria me afogado. O meu eu levado à lugares bem fundos, verdadeiras fossas marítimas. Perdendo o fôlego, balançando os braços e pernas, tentando voltar a superfície... até descobrir que eu poderia respirar ali, debaixo d'água.
Eu estou começando a me acostumar com esse turbilhão de emoções que me assaltam. Estive pensando: será que a vida não deve ser mesmo assim, agitada? Passar por sufocos, choros e choros... Talves as coisas deveriam seguir assim, uma vida de tons mais fortes e carregados, ao contrário dos tons pastéis que costumavam tingir minhas fotografias, momentos capturados, flashs!
Sabe, se a vida não fosse assim, tão intensa, talvez não tivesse a mesma graça. Somos pedras brutas, modeladas pelo intemperismo. Essas nossas experiências, por mais tortuosas nos pareçam, são válidas.
No entando, não descarto um momento de repouso. Haja jogo de cintura para dar conta de tudo. Por aqui, as coisas estão até mais calmas agora. Não precisei de uma pomba, como Noé, para trazer um sinal de "terra à vista". Posso ver, com meus próprios olhos, a baía. A praia está logo ali, falta pouco. Preciso de sossego. Preciso parar, refletir, processar com calma tudo o que está se passando para continuar.
Descansarei por um breve tempo nessa praia... Para aí sim, seguir em frente.

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