sábado, 28 de novembro de 2009

Essas lágrimas, de quem são?

Cá no escuro, cá no chão,
encolho-me como quem
deseja retornar ao útero,
seguro, de sua mãe.

Cá no no escuro, deitado
no chão, procuro renovar
minhas forças, por hora,
gastas com toda essa opressão.

Cá no chuveiro, o choro vem
expressar o desespero, o medo...
Vem comprovar o humano
que sou, o homem de pouca
fé que zanza, sem rumo, pela cidade.

Não me reconheço no espelho
(na imagem):
- Essas lágrimas,
de quem são?

Cá na represa, a vazão de toda
aquela água reprimida... Tudo
isso para gerar (renovar) forças,
outrora, perdidas por ai.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

É certo que
não gosto de te ver tão só.

É certo que
não gosto de te largar às poeiras,
baratas, teias e suas donas aranhas.

É certo que
te gosto completo, com teto, com
chão e suas quatro paredes.

É certo que
não gosto, também, de te deixar
com as janelas fechadas, portas emperradas,
entaladas, agarradas ao portal.

É certo que
não gosto de muito desleixo, dou-te
um beijo, deixo o abraço, apertado, de lado. Até.

É certo que
o tempo acaba, ele passa, arrasa-me
com o tempo que não me dá tempo
de não pensar nada;
não escrever nada;
não falar nada;
não expressar nada,
nem um um pio.