quinta-feira, 1 de julho de 2010

(des)controle

"Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir

Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me entregue suas penas
Já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada"


                                                                                    Arnaldo Antunes 


Esses dias ouvi de uma veterena minha que os meus próximos cinco anos serão determinados pelos meus semestres da faculdade. Os horários das minhas aulas irão variar de período para período, portanto estarei sempre me (re)programando.
A verdade é que eu estou sempre, SEMPRE, me programando. Eu estou constantemente tentando me encaixar numa rotina "perfeita" na qual eu estudaria, mas também teria horários "fixos" para assistir filme ou outros programas afins. Sem falar das mil atividades como natação, teatro, inglês e sabe-se lá mais o quê eu invente para fazer. Tudo. Tudo em, míseros, sete dias.
Eu acredito que nem preciso dizer que isso nunca dá certo. Eu nunca consigo seguir esses compromissos, se é que podem ser chamados de compromissos, e acabo me sentindo mal. Tudo porque me cobro demais. Eu estou farto de tudo isso!
Esse foi um semestre bem difícil. Não sei se é porque ano passado eu não fiz "nada" de muito relevante, além de levar uma vidinha casa/cursinho, mas nesses últimos seis meses aconteceram tantas, mas tantas coisas. E eu passei abril, maio e junho tentando me organizar, tentando me programar, tentando me enquadrar num estilo "x" de vida...
Estou sempre querendo estar no controle da minha vida mas eu vejo que as coisas não funcionam dessa maneira. Sei que no final tudo dá certo, mas como ter certeza se não posso fazer muito? Se não está nas minhas mãos?  Eu simplesmente tenho dificuldade de deixar as coisas rolarem.
Esses dias eu me propus uma dinâmica que vi em uma reprise do Saia Justa com a formação original (Rita Lee, Fernanda Young, Marisa Orth e Monica Woldvogel). A brincadeira consistia em falar como pensamos que os outros nos veem, como nos vemos e como gostaríamos de serem vistos. Fiquei o meu percurso todo, daqui de casa até a faculdade, dentro do ônibus, questionando-me: como eu me vejo? Como eu me vejo!?!?!
Por vezes eu respondia para mim: eu me vejo como uma pessoa tranquila, equilibrada, otimista, calma... Mas isso não é verdade. Não nos últimos tempos, os quais eu ando sempre preocupado, sempre procurando racionalizar sobre tudo o que anda me acontecendo. E dá-lhe terapia, sessões e mais sessões para me ajudarem a dar conta, ou melhor, para me mostrarem que eu não preciso dar conta. Mostrar que, na verdade, eu preciso é deixar as coisas seguirem seu próprio rumo, sem muita preocupação... E isso me irrita! Me irrita pelo fato de eu ver que as coisas devem ser assim, mas eu não consigo.
Hoje as coisas me parecem tão esquisitas, tão embaçadas... Meu sistema sensorial falhou. Eu acredito que tudo é questão de adaptação. Amanhã as coisas podem parecer mais claras, ou ao menos fingirem-se de claras.
Eu não quero querer perder o controle descontrolado uma vez perdido controlado não mais adquirido!

Nenhum comentário: