quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Áh

ou O mesmo e o cansaço

o tato insiste.
a pele, o odor
e essa danada
fixação. 

Acarneagrega.
A carnesfrega.
A carne nega.

     
        pegar,    largar, 
          encostar, soltar, apertar     
     tocar, arredar, afrouxar
      aproximar, afastar,
    sentir

Sente. Sente
e se apega, e se
pega pensando.
Sente. Sente
e não pega, e se
apega pensando. 


O tato insiste.
a pele, o amor
e essa danada
repetição. 

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Ainda – do verbo existir

A vida está pobre e o discurso se tornou enfadonho. De tanto preferir o silêncio, gritou. Mas gritou mesmo, de horror! É a ausência implacável.
*

É tudo e correria. Para onde corres? Não os sigam!

*

Experimente brincar de aparecer e desaparecer. Faça-o pelo apelo do peito, palpitando exigente desejo; caso contrár
                                                                                                                      
                                                                                                                                   
                                                                                                                     , io

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Da (minha) ausência e falta de atenção...

" Atirei um limão n'água,  
antes não tivesse feito.  
Os peixinhos me acusaram  
de amar com falta de jeito."

Lira do Amor Romântico Ou a eterna repetição,

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Dorme, meu filho

O dia lá fora está lindo, mas aqui dentro tudo continua triste. Tem feito dias difíceis.
E eu insisto em não dormir...
- Até quando?


Consolo na praia

Carlos Drummond de Andrade

Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.