sábado, 27 de fevereiro de 2010

A vida é leve, acredite!


- Você pode ligar o som?
  
Um hiato entre o ato e o fato consumado.

- Obrigado. Agora apague as lâmpadas. Incluindo a da minha cabeça. Assim fica melhor. 

Primeiro, o sopro. Depois, o verbo. Certamente foi aquela coceirinha nas mãos, vontade de criar, que levou Deus a fazer tudo, tudo isso. O mundo como ele é e como imaginamos que seja. Tudo não passa de simples versões subjetivas - até demais.
Quem nunca viu o filme da vida passado em sua cabeça deitado na cama, antes do sono o capturar? Pura dramaturgia.
 A vida é leve, acredite. E prazerosa. Há beleza também na dor. Há força também e insegurança.

- Faz tanto tempo. Mas agora me lembro.

Meu coração despertou, eu posso sentir. As lágrimas, uma vez ausentes, agora estão até constantes. Eu já posso sentir o alívio de quem sente e não guarda. E não acumula.
Volto a dizer: a vida é leve como uma brisa. Fomos nós quem criamos toda a confusão, desde Eva, Adão e a Maçã. O caos. Mas as coisas não haveriam de ser assim mesmo, dessa forma? Sem muitas respostas, com várias questões? Com mais portas fechadas do que chaves no molho?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Vapt vupt (1ª parte)


Há sempre uma intenção por trás da palavra.

E, por trás da intenção, uma vontade - implícita!

Será?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Da minha câmera (quebrada!)

Pesco você com um zoom.
Capto, no ato: gravo
na fotografia.

Vou examinando você, descamando.
Mas você, você não acaba,
você é só casca.

Até quando vou
desmembrar-te,
parte a parte...

Não, você não acaba,
é troço sem fim.
- Sai de mim!

Guardo-o numa câmara,
na memória da câmera,
dou-te um descanso.

Mas você, você não tarda
a se revelar.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Os meus serás e rock’n roll’s

Nós somos o que somos e é mesmo muito difícil nos mudar. Será verdade? Não. Ou sim, sei lá! Mas o fato é que escrevi aqui no fim do ano sobre a minha mesmice irritante, afirmando ter me deparado com as questões de sempre – bem recorrentes –, em minha terapia e agora, em menos de dois meses já estou pensando diferente, ou não!
Será que podemos condicionar nosso comportamento? Por exemplo, eu sempre fui muito acomodado, preguiçoso talvez, nunca estudei muito na escola, talvez por ter facilidade com as matérias, talvez pelo nível da escola não ser muito puxado... Só sei que ano passado tive de mudar minha postura e foi bastante difícil. Eu sentava para estudar, passava uma hora, duas, e antes de completar três horas, eu já estava pensando em mil coisas, saindo totalmente do foco. Confesso que com o costume, eu fui aprendendo a estudar. Mas a ‘preguicinha’ e o comodismo ainda moram aqui, e andam de mãos dadas!
Com isso, eu vejo que nós podemos nos disciplinar, corrigir certos ‘defeitos’, mas e os nossos pensamentos? Nós podemos mudá-los? Será mesmo?
Eu disse há dois ‘posts’ que iria ser chato com dignidade daqui pra frente. Na verdade eu quero ser, não só chato, mas ser o Filipe com dignidade, sem recriminações. Será que com o tempo, com o exercício diário de dizer: Ih, falei besteira, mas deixa pra lá... Eu vou me acostumar? Ou vou ter que fazer sempre esse mesmo ‘esforço’ pessoal?
Hoje, nesse momento – talvez isso mude até o momento em que eu postar –, eu vejo que certos pensamentos terão de ser exercitados “pelo resto da vida”. E como procuro ser uma pessoa educada, bem humorada e positiva, vou ter que espantar os pensamentos negativos sempre que surgirem.
Vou ter que me dizer: não julgues, o que você tem a ver com a vida do outro? Para evitar tirar conclusões erradas, ou certas, de todas as pessoas com as quais eu convivo e as que eu não vejo no dia-a-dia também! E por julgar os outros, eu, muitas vezes, recuo minhas atitudes e/ou opiniões por medo da crítica, da resposta que irei ter do outro.
É certo que com as minhas mudanças repentinas de opinião, eu já até me acostumei. Agora – pelo que deu pra perceber – eu estou procurando ir mais fundo, questionar, repensar, remodelar outras questões... Já diria Raul Seixas: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, eu prefiro ser essa metamorfose ambulante,” do que ser aquela velha ‘forma’ formulada pelo tudo, do que ser aquela velha ‘forma’ formulada pelo tudo que já me atravessou, que hoje eu já nem sei quem sou...

Obs: ”Eu vou desdizer aquilo tudo que eu lhe disse antes”!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Velho amigo

Abro a janela para que as coisas aqui dentro possam estar mais claras. Com um giz, desenho imagens encomendadas pelo meu inconsciente. Assim é tão fácil expressar, apenas despejar sobre o papel a vontade, mais tarde, traduzida em coisas que dão sentido. É dessa maneira que gosto de me manifestar.

O sol trás luz e calor. O calor me faz bem. O calor me faz mal. Assim costumam ser as coisas aqui dentro, não seguem uma lógica. Elas se contradizem. E quem disse que nos contradizer não é normal?

Farejando o passado, reencontrei um velho amigo: L.! Tão distante, tão por perto. Tão intenso aqui dentro.

L. está aprendendo a dizer sim a tudo aquilo que um dia teve vontade de dizer, mas não pode, não deu conta.

É, L. CRESCEU. Casou, mudou e não nos convidou. Foi viver no campo. Foi conhecer outros cantos, outros encantos...

L. olhava de longe a porta que estava logo ao fim do corredor. Caminhou devagar, um pouco hesitante, o coração apertado com o medo recorrente que costumava lhe assombrar. Arredou a porta que estava apenas escorada e espiou pela fresta que havia surgido.

- Vem, pode entrar.

O quartinho era meio obscuro. Uma mesa ao centro, a lâmpada mal encaixada no teto iluminava pouco todo o interior do cômodo, alias, iluminava somente o centro para falar a verdade. Os outros estavam sentados, ele, ainda à porta, pensava um pouco antes de tomar qualquer atitude.

Sempre, sempre distante. Aéreo. Assim costumava ser.

Um dos outros arredou uma cadeira para que L. viesse e se sentasse. “E se eu for até lá, como será?”. Ele costumava se lembrar de alguns fatos do passado, esse tão azucrinador em certos momentos. Era de lá que sua insegurança vinha, era de muito tempo.

L. afastou a porta até o canto, caminhou até a mesa e se sentou. E a luz, que falhava, se apagou.

- Quem fechou a janela?

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Tin tin!


Querido diário,

Foi aqui que tudo começou, há uns cinco anos... Quando te procurei para, a partir de então, registrar tudo o que viesse a acontecer. Inspirado em Anne Frank, claro. Foi assim que comecei a praticar minha escrita, logo em seguida vieram as primeiras "crônicas", se assim posso considerá-las, as primeiras poesias, os romances inacabados, os contos, ainda, em fechamento...
Com você, veio também o meu processo de 'auto-conhecimento'. Quantas vezes o questionamento 'quem eu sou?' passou por suas páginas? Quantas! Eu queria, a todo custo, me enquadrar nos conceitos já formulados. Imaturidade, talvez... Faz parte da idade, na época eu tinha meus 13 anos.
Logo depois, acredito que você se lembra, eu comecei a fazer terapia. Ah, que grande iniciativa a minha. Foi uma das melhores coisas que fiz até hoje. Nesse processo de análise pude exorcizar tantos fantasmas, deparar com outros tantos, reencontrar... Tem sido muito, muito bom.
E, nesse tempo, eu pude amadurecer também na escrita. Às vezes ainda tropeço nas palavras, cometo alguns erros, difíceis de serem encarados... Muitas vezes, por causa deles, pensei em acabar com meu blog e começar do zero. No entanto, eu sempre frisava para mim mesmo que todos temos um passado, esses errinhos fazem parte da minha história, compõem a caminhada ao progresso.
Falando no blog... Em maio completamos dois anos. Fico feliz em ver que estou persistindo nessa história. Tive um outro, Memórias de um futuro remoto, mas que não tinha dado muito certo. Havia desanimado pelo fato de não aparecerem leitores... Às vezes até apareceram, mas eu não cheguei a notar. Mas daí foi bom, com o Meu eu. - um dia irritante! -, descobri que nós temos que ser o nosso primeiro leitor. Devo escrever, ler, avaliar, criticar e, algumas vezes, dar lugar à vaidade e sentir aquele orgulho: mas que lindo texto!
Tudo isso tem me ajudado muito a chegar num denominador comum, à incansável busca pela minha essência.
Já cheguei a conclusão de que eu sou meu maior vilão. Eu me derrubo no chão como ninguém. Faço de mim mesmo um mártir. Não aceito meus erros com facilidade, daí, acabo "sofrendo" de uma crônica culpa. Desde sempre, eu nunca gostei que meus pais, ou, meus tios me corrigissem. Quando eu via que estava errado, já era o fim. Ficava nervoso se me chamassem a atenção, já não bastasse as minhas próprias broncas.
Esse ano eu resolvi que vou viver de forma mais leve. Sem muitas cobranças pessoais, errando muito e me ligando ao 'fodas'! Vou aprender a não ligar para a opinião alheia, principalmente aquela que um certo Lipe Arêdes formula de mim (rs). Mas é que muitas vezes me taxo de muitas coisas, julgo-me chato, por exemplo... Mas esse ano eu decidi e vou ser chato com dignidade. Eu enxerguei isso nessa edição do Big Brother (tá vendo, 'ele' também é cultura). A participante Elenita é extremamente chata. Ela fala quando deveria ficar calada, problematiza em cima de tudo o que os outros falam, é irreverente no seu jeito gorda de ser, 'causando'' com suas roupas curtas - saias justas! -, mas não está nem aí.
Então, caro diário, é isso: Esse ano eu quero ser; sem sofrimentos e cobranças. Quero poder dizer: que cagada, heim! Mas bola pra frente. Não quero estacionar no tempo. E sei que tudo isso só virá somar ao meu amadurecimento.

- Um brinde à minha chatice!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Eu e o mar

Não tenho aquela paixão pelo mar,
sou mais admirador do céu,
bastante firme no chão,
mas o mar... Ele vive distante de mim.

Eu prefiro ficar sentado na areia, do que
avançar sobre as ondas, mergulhar, furar...
Isso não me encanta.
Não agora, não até hoje.

De cá eu só observo, vejo a maré levantar.
Penso, penso muito. Sinto.
Deixo elevar meu pensamento, que flui,
mas não pela água, e, sim, pelo ar.

A brisa renova meu ser,
ensina-me a ver e rever os fatos,
a repensar outros casos...
A decidir...

Mas o mar - nesse instante - está logo ali,
a alguns poucos metros de distância,
a me esperar...
Mas lá, eu não vou. Não por agora.

Quem sabe um dia,
nós dois, numa mesma sintonia,
poderemos nos cruzar.
Eu e o mar... Eu e o mar.