terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Minha mesmice irritante

Eis a minha retrospectiva (feedback): É que eu nem sou chegado nisso, imagina! Eu só passei umas três sessões da minha terapia revendo o meu 2009. Falta de assunto? Talvez... É que estou esgotado das mesmas neuroses me aporrinhando. Preciso de motivos novos, razões ainda não conscientes, questões desconhecidas para trabalhar... Mas no momento estão em falta.
Sabe, é frustrante ver que no fundo você é uma mesmice. Constante. Eu penso que mudei muito, mas a essência está aqui - com toda a sua podridão também. Ainda assim, não desisti de me redescobrir, de me virar ao avesso e sacudir bastante, até tudo cair por terra. Todas as minhas "verdades". Talvez essa seja uma pretensão minha para o ano de 2010, uma das tantas!
A cada dia que passa me vejo mais incoerente, um tanto contraditório. Eu estava dizendo ao meu terapeuta que eu não gosto de criar grandes expectativas em ralação aos fatos, por ter medo de me frustrar... No entanto, cá estou eu, um poço de sonhos. Talvez, um abismo.
Meu ano foi turbulento, mas por dentro. Estou esgotado. Minha mente não pára - mente pensante, incessante. Tenho estudado muito, esforçado bastante. Nem me reconheço mais. Eu era tão conformado, satisfeito por ser mediano. Só que esse ano acreditei que eu poderia ir do bom ao muito bom, até parar no excelente.

- E parou?
- Espero que não.

Não quero nunca descobrir o meu melhor. Quero colocá-lo num altar, distante de mim e, a cada vez que eu me aproximar, por favor, o afastem de novo. Deixem-no bem longe e coloquem novos, velhos (tanto faz) obstáculos.
Ao contrário de Drummond, que dizia ter uma pedra no meio do caminho, tenho várias, quero várias. Elas me forçam a progredir, pela dor, pelo amor. Mas atenção! Tudo para chegar a lugar nenhum. Sem nenhuma, real, conclusão.

Era uma vez uma barata, que já havia passado por intensas mudanças climáticas ao longo dos séculos, resistido às, sistemáticas, catástrofes da natureza, sobrevivido após inúmeras bombas lançadas durante as Grandes Guerras Mundiais. Mais tarde, depois de tanto zanzar, ficou tonta. Sem saber que caminho tomar - perdida - acabou atropelada por anseios superiores: Um pezão bem grande veio e a des-ba-ra-ti-nou. De seu homicídio, restou apenas a sua gosma, viscosa, alojada, até o momento, no seu interior.

ps. Em 2010, eu desejo um terremoto para avacalhar com todo esse antiquário.

sábado, 26 de dezembro de 2009

'querzinho' de querer 'irzinho'

Não dou conta mais. Não agora.
Preciso daquelas tais semanas,
cuja os dias eu poderia passar apagado.
E, ainda assim, de nada adiantaria.

Preciso fugir.
Extinguir-me.
Preciso sumir...
Desaparecer de mim, de ti, daqui.

Já vou, já fui.
- Estou indo.
- Me aguarda, vai.
- Esta bem.

ps. aaaaaaaaaaaah! Não vejo a hora de tudo isso passar, quero muito, muito passar na UFMG, mas a vontade de poder respirar aliviado e dizer: acabou!... Talvez seja muito maior agora.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Por trás dos natais, existe um Natal

" - A senhora é conformada.
- Tenho , dona. Deus nunca me abandonou.
- Deus - repeti vagamente.
- A senhora não acredita em Deus?
- Acredito - murmurei.
[continua...]"

É tempo de natal.
Tempo de reflexão para alguns...
De compras para outros.
Ou dos dois. Juntos.

É tempo de natal.
Tempo de alegria para alguns...
De tristeza para outros.
Ou dos dois. Juntos.

É tempo de natal.
Tempo de estar junto dos outros...
Ou sozinho, afastado de alguns.
Ou os dois. Se-pa-ra-dos.

Deixemos de lado as conotações dadas ao Natal... Voltemos para o seu real significado, ainda que forjado pela Igreja. Lembremos do nascimento de Cristo e de toda a sua influência para a humanidade - até os dias de hoje.

"[...]
E ao ouvir o som débil da minha afirmativa, sem saber por quê, perturbei-me. Agora entendia. Aí estava o segredo daquela confiança, daquela calma. Era a tal fé que removia montanhas..."

( extraído do conto "Natal na barca", de Lygia Fagundes Telles)

sábado, 28 de novembro de 2009

Essas lágrimas, de quem são?

Cá no escuro, cá no chão,
encolho-me como quem
deseja retornar ao útero,
seguro, de sua mãe.

Cá no no escuro, deitado
no chão, procuro renovar
minhas forças, por hora,
gastas com toda essa opressão.

Cá no chuveiro, o choro vem
expressar o desespero, o medo...
Vem comprovar o humano
que sou, o homem de pouca
fé que zanza, sem rumo, pela cidade.

Não me reconheço no espelho
(na imagem):
- Essas lágrimas,
de quem são?

Cá na represa, a vazão de toda
aquela água reprimida... Tudo
isso para gerar (renovar) forças,
outrora, perdidas por ai.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

É certo que
não gosto de te ver tão só.

É certo que
não gosto de te largar às poeiras,
baratas, teias e suas donas aranhas.

É certo que
te gosto completo, com teto, com
chão e suas quatro paredes.

É certo que
não gosto, também, de te deixar
com as janelas fechadas, portas emperradas,
entaladas, agarradas ao portal.

É certo que
não gosto de muito desleixo, dou-te
um beijo, deixo o abraço, apertado, de lado. Até.

É certo que
o tempo acaba, ele passa, arrasa-me
com o tempo que não me dá tempo
de não pensar nada;
não escrever nada;
não falar nada;
não expressar nada,
nem um um pio.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Não sei,

É que tenho falado sobre o hoje,
o tempo presente,
mais passado que futuro,
que não volta mais.
Que se foi.

É que tenho falado sobre o cansaço,
o último fôlego, o
temível momento de não
poder mais, de não querer mais,
de não aguentar mais.
Mais nada.

É que tenho falado sobre a vitória,
porque não se começa uma batalha
pensando na derrota, muito
menos pensando em duas, três,
quatro alternativas, caso a primeira
não dê certo... Não, não é assim.
Não mesmo!

É que tenho falado sobre o tanto
que tenho a falar, que muitas vezes nem
sei, mas que está aqui dentro.
Falar sobre o nada que sinto, esta coisa
sem nome, sem tempo, sem espaço, sem... Sentimento?
Talvez...

Talvez, eu realmente não tenha nada a dizer,
mas me forço. Pelo puro prazer de
apenas exercitar essa escrita, essa vida
registrada em versos, minha ferida,
minhas dores e amores, estes que não vieram,
por falta de tempo, um contratempo, quem sabe?
Não sei.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Acordei preocupado,
pensando no tempo que ainda resta,
evidenciando as dificuldades,
as pedras, ainda, visíveis na minha frente.
Em pensar... Que outras tantas virão.

Hoje, hoje eu acordei cansado,
cansaço este, que eu poderia
dormir por semanas... Mas que
de nada adiantaria. Preciso de um tempo.
Um tempo fora desse espaço, um tempo
que pudesse parar no primeiro estalo.

Eu só não me canso de dizer: força! Ao
menos coragem, vai. Em pensar que estou
só no começo e que ao longo da vida,
muitas outras dificuldades virão. Sacrifícios
terei de fazer, para mais uma vez tentar.
Tentar e conseguir. E nunca muito diferente disto.

sábado, 3 de outubro de 2009

Se é assim...

Eu respeito.
Eu deixo de lado, te guardo.
É que me escapou pelas frestas da mão. Partiu!

Desejos guardados, engavetados, arquivados...
Vontade voraz. Fome do outro, por já
ter devorado tudo aqui dentro.

A caça, minha farsa...
Disfarça, vai. Deixa de lato tudo isso
e vamos embora, bora?

domingo, 27 de setembro de 2009

de céu azul

Sou pequenino e também gigante...

Este, talvez, tenha sido um dia de céu azul,
sem núvens, sem vento, sem.

Calor, o calor me tomou, me roubou, me feriu, me viveu...
ME MATOU, de calor.

- Abre a janela, por favor?

Escuro, abafado. Esta casa está desmorando, em pedaços.
De fragmento a fragmento a fragmento a fragmento a fragminto!

Este, talvez, tenha sido um dia de céu azul,
de cores vivas bisbilhotando a morte.

- Arreda a cortina, vai.
Se lembra de quando papai cantava para nós,
bem assim, logo pela manhã:

"luz do sol,
que a folha traga e traduz
em verde novo
em folha, em graça, em vida, em força, em luz"

- Pois é, já não vejo a mesma graça mais.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Só para não te deixar ansioso, na espera,
eu te escrevo.

Se tempo houvesse, tivesse direito,
eu escreveria páginas e páginas.

Dir-te-ia como eu ando, o que penso,
do que sinto.

Buscaria palavras doces, que afagam o peito;
tudo para te despreocupar.

- Eu estou bem.

Estou bem, mas, constantemente, ruim.
Um medo, um anseio, um medo de novo, e logo depois...

Só para não te deixar sozinho, na espera, eu te escrevo.
É só isso!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Não Enche


Me larga, não enche
Você não entende nada e eu não vou te fazer entender
Me encara de frente:
É que você nunca quis ver, não vai querer, não quer ver
Meu lado, meu jeito
O que eu herdei de minha gente e nunca posso perder
Me larga, não enche
Me deixa viver, me deixa viver, me deixa viver, me deixa viver

Cuidado, ô xente!
Está no meu querer poder fazer você desabar
Do salto, nem tente
Manter as coisas como estão porque não dá, não vai dar
Quadrada, demente
A melodia do meu samba põe você no lugar
Me larga, não enche
Me deixa cantar, me deixa cantar, me deixa cantar, me deixa cantar

Eu vou
Clarificar a minha voz
Gritando: nada mais de nós!
Mando meu bando anunciar:
Vou me livrar de você

Harpia, aranha
Sabedoria de rapina e de enredar, de enredar
Perua, piranha
Minha energia é que mantém você suspensa no ar
Pra rua! se manda
Sai do meu sangue, sanguessuga que só sabe sugar
Pirata, malandra
Me deixa gozar, me deixa gozar, me deixa gozar, me deixa gozar

Vagaba, vampira
O velho esquema desmorona desta vez pra valer
Tarada, mesquinha
Pensa que é a dona e eu lhe pergunto: quem lhe deu tanto axé?
À-toa, vadia
Começa uma outra história aqui na luz deste dia D:
Na boa, na minha
Eu vou viver dez
Eu vou viver cem
Eu vou viver mil
Eu vou viver sem você

... de Caetano Veloso!

domingo, 30 de agosto de 2009

Um poema, talvez...

Está na hora, vamos?
É hora de limpar esse quarto,
guardar tudo certinho,
jogar essas folhas fora...

É hora de juntar todo esse
lixo e jogar pra fora. Fora
do quarto, fora de mim mesmo.

É, é preciso passar um pano
nesse quarto, varrer, deixar
um brilho!
Tudo está muito largado,
no fundo, no fundo.

Está tudo deixado de lado.

- Bobagem!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Apenas um conto

E ele perguntou:

- Tem alguém aí?

E como eco, propagou-se:

- "tem alguém aí... tem alguém aí... tem alguém aí?".

Sem respostas, ele repetiu:

- Ei...
- " ei... ei...".
- ... Tem alguém aí?
- "... tem alguém aí... tem alguém aí... tem alguém aí".

Ele continuou a andar, havia chegado até aquela caverna depois de muito andar e não seria agora o momento de desistir. Não depois de tudo o que ele tinha passado até ali.
Estava escurecendo, ele trazia consigo uma lanterna, mas se lembrava de que a pilha não duraria por muito tempo. Caso contrário, ele voltaria atrás e não continuaria a seguir em frente. Seria a escolha mais prudente, é claro.
Mas ainda estava cedo para desistir e aquela caverna a sua frente, deixava-o com um misto de medo e curiosidade... Com isso, era melhor continuar.
Seu estômago indicava que algo não estava bem, uma insegurança, talvez, acompanhava-o a medida que avançava pela caverna. Ouvia barulho de asas, provavelmente seriam alguns morcegos perturbados com a sua chegada. Deveria haver outros bichos ali dentro como ratos, alguns insetos... Não sabia muito bem a razão de ter ido até ali, mas era preciso atravessar a caverna para enfim entender o motivo.
Os pensamentos invadiam sua mente, talvez seria por isso que sua cabeça doía. Perguntas e mais perguntas. Dúvidas. Se havia alguma verdade na vida, ele desconhecia. Até o momento, havia descobrido que tudo é instável, as certezas de nossas vidas poderiam parecer bem claras, mas uma hora ou outra seria provado que nada daquilo era tão certo. O 'não saber, nem entender' continuaria sempre ali, consigo.
(continua...)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Só Ele

É quando a coisa aperta para o nosso lado, que a gente recorre a Ele.

- A “gente” quem?
- Está bem... “EU recorro a Ele”.

Eu comecei a tossir do nada na noite desse último domingo. Achei que era pura hipocondria, por eu andar meio impressionado com essa questão da “Gripe Suína”. Ou seja, eu estava sentindo aqueles sintomas, mas seria tudo psicológico.
Enfim, psicológico ou não, eu só sei que a gripe me pegou de jeito nesses últimos dias. Mal consegui dormir de domingo para segunda. Muita febre, muita tosse, muita dor de cabeça, muita ansiedade... Fiquei com medo de estar com essa gripe H1N1 e pedi a minha tia para me levar ao médico. Eu devo ter chegado ao hospital às 14h e pouco e fiquei umas duas horas e meia esperando para ser atendido. E olha que é plano de saúde, heim?
Resumindo, o médico só me receitou um tylenol para aliviar a minha dor de cabeça e congestão nasal. Ele disse que era muito cedo para saber a evolução do meu quadro, mas que para ser a tal da gripe suína, eu teria que ter falta de ar.
Pois bem, a minha gripe já está melhorando... Mas o mais engraçado mesmo foi a minha cara de pau em recorrer a Deus nesses momentos de doença. Eu confesso, eu mal faço minhas orações todos os dias, no máximo eu agradeço a Deus por estar vivo e ter a oportunidade de procurar melhorar como pessoa.
Eu não sou um bom cristão. Religião eu não tenho. Já tive. Sinto até saudade da Igreja (às vezes!). A Bíblia eu já não leio há tempos... Mesmo assim, nesse momento de medo, por estar em ano de vestibular e não poder faltar um dia de aula. Eu orei a Deus e pedi para que Ele aliviasse todos os meus sintomas e que não fosse a gripe suína a causadora dessa enfermidade.
Eu só sei que Ele me ouviu. Eu gosto de pensar por esse lado. Já faz quatro dias que estou doente e já me sinto bem melhor. A dor de cabeça foi embora, assim como a coriza. A febre ainda persiste, a tosse também. Mas se o negócio é sempre olhar pelo lado positivo, eu tenho descansado bastante nesses últimos dias.

- Senhor, eu te peço perdão pelas minhas faltas.

Que Deus nos abençoe. Amém!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

O Vaso Sanitário

O vaso.

Instalado no banheiro, ao lado do chuveiro.

Onde as pessoas se sentam, onde as pessoas suam de dor, onde as pessoas se aliviam.

Qual é a sua dor? Qual é o teu medo?

Desespero, anseio, inseguro, indigesto.

O que te faz mal? O que não lhe cai bem no estômago?

A bunda, o ânus, o intestino...

O esgoto do ser humano. O cano.

Aonde vai toda aquela merda?

Dispara a descarga.

Redemoinho: movimento das águas, das fezes, da urina, do vomito.

O ser humano é sujo.

O homem precisa eliminar toda sua impureza.

A tristeza, a inveja, o apego, desejo,medo,

a vaidade de pensar ser diferente do outro.

O engano.

No vaso todos somos um, comum.

O que não lhe cai bem no estômago?

O doce, o amargo, o salgado, ou o azedo? O agridoce também.

O que não te serve mais?

Matar, mentir, roubar, fugir, adulterar e trair.

A sujeira do homem está toda ali.

A imundice moral. O pecado mortal. O engano total.

No vaso sanitário.

No banheiro público, o do teu trabalho, da tua casa.

Tudo se esvairá ali.

domingo, 26 de julho de 2009

Vamos

- Vamos improvisar um post?
- Vamos.
- E se ficar ruim a gente apaga.
- Está bem.

Eu não sei muito bem o rumo que esse blog está tomando. Quando eu fiz isso aqui, eu pensava em escrever textos interessantes, bem elaborados e tudo o mais. Não que isso não tenha acontecido, mas é que eu adotei uma "prosa livre", na qual eu conto apenas com a inspiração e nada de técnica.

- Falemos das férias, que tal?
- É uma boa idéia.

Pois então, como citei no tópico anterior, eu cheguei a conclusão de que eu teria que descansar nessas férias. Se eu estudasse, voltaria cansado às aulas em agosto e muito pelo contrário, eu preciso estar descansado, relaxado, porque daí adiante eu não paro mais. Daqui pra frente, só janeiro eu vou pensar em descansar. Amém!

- E o que você fez nas férias?

Férias é uma coisa tão previsível, ? Ou você viaja, ou fica em casa. Quando você viaja, nós, brasileiros, privilegiados com maravilhosas praias, muitas vezes vamos para o litoral. Há aqueles que preferem alguma cidadezinha do interior, aqui em Minas temos tantas cidades histórias, que poderíamos fazer um prazeroso roteiro turístico.
Mas quando se fica em casa, o jeito é fazer como eu: alugar muitos filmes, selecionar uns três livros, ficar o dia inteiro de pijama e já tá ótimo. O cinema nem sempre é um recurso muito bom, porque eu sempre me vejo naquela situação: porra, ta todo mundo viajando... E agora, José? E cinema sem companhia é um pouco sem graça, para não dizer muito. Você tem que estar num estado de espírito muito transcendental para fazer algo assim.
Pois bem, eu passei essa semana toda escrevendo um conto. Ah, que delícia. Decidi que agora não me preocupo em escrever romances, só prosa curta. Porque meus romances sempre viram novela, eu vou inventando tanto personagem e eu me apego a eles e já quero criar um conflito para todos. É uma enxurrada de neurose. E aí, já viu, só Freud aguenta.
Andei com uma vontade de tentar Letras na UFMG. Sei lá, eu gosto tanto de escrever. Mas olha bem pra minha cara, eu não tenho a mínima vocação para ser professor. E esta profissão está tão desvalorizada, com salários baixos, falta de respeito dos alunos... está tão preocupante, que já virou até 'post' já publicado nesse blog. Eu prefiro ficar com a minha 'psicologia' mesmo e seja o que Deus quiser.

- E o twitter?

Ah, que invenção incrível foi esse twitter. Eu viciei. Todo dia penso em algo bem medíocre pra escrever lá. Isso quando não pago de 'cult' e fico comentando de Shakespeare e cinema retrô. ADORO!
No mais, é só isso. Que eu vou ali ler o jornal que meu pai comprou.

domingo, 19 de julho de 2009

I'll be back


Ultimamente eu não tenho escrito coisas das quais eu me orgulhe e encha a boca para falar: eu escrevi! No entanto, eu continuo nessa 'batalha' (tudo para deixar mais dramático o meu desabafo).
Sabe, eu tenho sido muito duro comigo mesmo. Não aceito os meus erros, ou melhor, a minha falta de experiência com certas coisas, como a própria escrita. Eu cobro muito de mim e acho que até certo ponto isso é bom. Mas quando isso se une à minha ansiedade, aí acabou. Eu simplesmente surto. Afinal, quem dá conta, não é?
Cobranças, cobranças cobranças!

- Você escreve tão mal.
- Você tem estudado pouco.
- Você é um saco, sabia?
- Você é um pseudo-intelectual, entendeu?
- Você tem três anos de inglês, e o que você sabe? Nada!

Você, você, você!
Não dá, não é mesmo? Eu sou meu único amigo. A-MI-GO. Único. O resto é o resto e essa é a dura realidade da vida. Se eu não me estender a mão, a coisa vai desandar MESMO.
Estou tentando ser mais paciente comigo. Até escrevi um dia desses que eu tenho uma vida inteira para aperfeiçoar tudo o que devo. Assim espero.
Estou de férias. Esta que eu nem devo aproveitar tanto, por estar em ano de vestibular (merda de vestibular). Mas resolvi tirar quatro dias para descansar e estou indo bem... Estou fazendo coisas que eu adoro: ler, escrever e assistir filme... Além de não ter hora para acordar.
Escrevi no último post, que estava pensando em acabar com esse blog. É, eu estava. Pura cobrança. Isso aqui não é nenhuma coluna de jornal, ou revista, em que eu tenho que escrever muito bem e blá, blá, blá... Não tem todas aquelas exigências. Isso aqui é para praticar. PRATICAR. É para eu aprender e aperfeiçoar. Para conhecer a minha escrita (estilo). E eu estou indo bem, estou começando ainda.
Enfim, isto foi só mais um desabafo que escrevi nesse blog e como dirria o Arnold Schwarzenegger no filme O Exterminador do Futuro: I'll be back.

- Até o próximo post.
- Até!

sábado, 18 de julho de 2009

Eu aguardo


- Vamos brincar de ser feliz?
- Sim.

Para quê desesperar e ficar com esse ar de derrotado?

"A vida não vai com minha cara, Deus não gosta de mim"

Sorria. Um sorriso leva a outro, um outro (quem sabe?).

- Me concede essa dança?
- Sim.

Andas tão galante, tão... Romeu e Julieta estão me influenciando. Ah, bom!

- Ah, e a cena "O Jardim de Capuleto"?
- Lindo!
- Shakespeare fala de amor sem me deixar com náuseas.
- Não tem quem se compare a ele. Grande dramaturgo.

Strauss e Shakespeare salvaram minha semana. SEM SOMBRA DE DÚVIDAS.

Estou voltando.
Sim, estou.
Melhorando (eu espero).

Aguardo respostas.
Cartas, mensagens... Bilhetes.
Não suma. Eu volto.

- Volta mesmo?
- Sim, eu volto.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Crise?

Cansei. Cansei de mim, cansei de todos. Transferi.

Pensei em acabar com este blog.
Pensei em começar um novo.
Pensei entrar de 'férias' (férias?).
Pensei em mudar o layout.
Pensei em tirar todas as fotos e figuras (e tirei).
Pensei em tirar os comentários (e tirei).

Talvez seja uma fase. Uma nova. Momentânea. Talvez!

- Quem sabe?
- Eu!
- Eu perguntei: 'quem sabe?'
- Eu.
- Você não serve.

Serve para aliviar. Serve como paliativo.

- Vamos dar um jeito nisso?
- Vamos.
- Como um casamento, ou como as "juras" durante a cerimônia. Na saúde e na doença, na tristeza e na alegria...

Amém!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O belo (me) te encanta?!



Ela olhou-se no espelho e perguntou, meio apreensiva:

- Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?

E o silêncio entre a pergunta e a resposta pareceu render uma eternidade.

Rostos bonitos, corpos exuberantes. O que é a beleza? Quem tem a beleza?

- Você tem pra vender?

- Não, está em falta.

Vende-se um modelo. META. Todos querem alcançar um ideal: um corpo perfeito, uma vida perfeita, um par perfeito...

- Iludidos.

A beleza não passa de busca pela organização, falou-me a professora. Segundo estudos, isso não passa de uma busca pela harmonia. Rostos bonitos são rostos simétricos.

Narciso apaixonou-se por seu reflexo na água: uma maldição. Sua pena? Morrer afogado. Mito, verdade.

Ando assim, meio narciso, meio eu. Eu demais. Há um mecanismo de defesa em tudo isso, voltar para si, para dentro. Proteção. A decepção será menor.

- É feio?

- O quê?

- Ser assim, meio narcisista.

- Claro que não, só não pode exagerar.

- Eu tenho ego grande demais, às vezes tenho de freia-lo.

- Tome cuidado.

A beleza é tão... Fugaz, as palavras se vão quando tenho que descrever o belo. O belo vai do momento, da situação, do vento (tempo):

Momento;

situação;

vento (tempo);

As palavras me faltam para descreve-lo. Suspiro! O belo me encanta, o belo te encanta?

- Ora me acho bonito, ora me acho feio. Ora me amo, ora me odeio.

- Normal.

- Não banalize meus sentimentos! Disse em tom de ameaça.


E o Espelho respondeu:

- Existe uma moça, Rainha. Seu nome é Branca de Neve. Ninguém jamais viu beleza com a dela.

- Não! Disse a Madrasta, atirando-se de encontro ao espelho.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

The KiNg of PoP

Michael Jackson - Thriller


Eu fiquei chocado quando vi no jornal que Michael Jackson tinha morrido. Não posso me considerar um grande fã, nem que acompanhei toda a sua carreira. Mas não posso negar que cantei e dancei hits com thriller, beat it, don't stop 'til you get enough (minha favorita), bad, etc.
Em todos os jornais que assisti de ontem para hoje, na globo e no globonews, os próprios jornalistas transpareciam um pesar e uma surpresa ao anunciar a sua morte. Michael Jackson revolucionou o mundo da música, serviu de influência para muitos cantores, artistas em si.
Apesar de todos os escândalos em que esteve envolvido, sua imagem (para mim, meio androgena) continuou ligada ao posto de Rei do Pop! Seus videoclipes revolucionaram, ninguém sabia dançar como ele, suas músicas são conhecidas nos quatro cantos do mundo... Ele é foda. Uma ESTRELA,
a real popstar!
Lembro-me que ainda criança, assisti a um clipe dele no Fantástico e fiquei me perguntando:
- Ele é homem, ou, mulher?
É isso: homem, ou mulher; branco, ou, negro; adulto, ou, criança... Ele criou para si um Never Land e acreditou que o tempo seria generoso com ele, assim como foi para Peter Pan.
- Uma pena, não acha?

- Sim.

O sucesso, o dinheiro, a fantasia. Uma metamorfose. Mexe dali, mexe daqui. Cirurgias: nega-se a natureza. A própria natureza.
- Ih, ele ta ficando branco, você percebeu?
- É vitiligo.
- "Michael Jackson é acusado de pedofilia!"
A mídia massacra! A mídia o adora! Mas a mídia é cruel! A VIDA é cruel. A realidade não é fácil.
- Morre o astro do pop, Michal Jackson, de ataque no coração.

A mídia, enfim, desfia passo a passo, parágrafo por parágrafo, o último capítulo da história de Michael.

- Ele se foi.
- É, se foi.
- Mas será sempre lembrado como um astro pop.
- O melhor?
- Talvez.
- O mais famoso?
- Quem sabe.
- O Rei do pop?
- Sim... Michael Jackson: The King of Pop.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Bom dia

O telefone toca. Ele corre para atender.

- Olá.
- Oi.
- Bom dia.
- Bom dia... uai, ligou cedo hoje.
- Pois é, liguei para abençoar seu dia.
- Que Deus abençoe o seu dia também!


Beyonce - Halo


Halo

Remember those walls I built

Well baby they're tumbling down
And they didn't even put up a fight
They didn't even make a sound
I found a way to let you in

But I never really had a doubt
Standing in the light of your halo
I got my angel now


It's like I've been awakened

Every rule I had you breaking

It's the risk that I'm taking
I ain't never gonna shut you out

Everywhere I'm looking now
I'm surrounded by your embrace
Baby I can see your halo
You know you're my saving grace

You're everything I need and more
It's written all over your face

Baby I can feel your halo

Prey it won't fade away

I can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo

Can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo

Hit me like a ray of sun
Burning through my darkest night
You're the only one that I want

Think I'm addicted to your light

I swore I'd never fall again
But this don't even feel like falling
Gravity can't forget
To pull me back to the ground again

Feels like I've been awakened
Every rule I had you breaking
It's the risk that I'm taking
I'm never gonna shut you out

chorus

domingo, 21 de junho de 2009

Em três tempos

- Já posso falar?
- Pode.
- O senhor vai digitar direitinho, da forma que eu ditar?
- Sim.

Ele se sente bem. Sim, bem melhor. Ele está cansado, mas está cumprindo o que disse: esse vai ser um ano de "esforços". Ele deve (TEM) que dar o melhor de si. For good! E Sempre.
O Fashion Rio aconteceu, o São Paulo Fashion Week vai até amanhã e ele mal pode acompanhar.

- Eu vi Gisele! Essa eu não podia perder...
- Dizem que ela está grávida.
- Rá, eu li um artigo do José Simão em que ele brincava: "Grávida? Gisele vai ter uma azeitona!".
- Pode crer.
- Eu vi também bem rapidinho o disfile do Herchcovitch e da Cia. Marítima. E o Jesus Luz, Madonna's boyfriend, que desfilou para a Colcci assim como a Gisele.
- E dessa vez o evento contou com cotas para negros!
- Eu vi uma modelo negra falando em uma entrevista que se é preciso ter essas cotas, para colocarem negras(os) na passarela, porque não?
- Né?

Não se culpe! Relaxa, você só está passando o tempo. Senão vai ficar doente. OK! Você está melhorando, agora até lê/vê jornal. Verdade...



- E o Lula, heim?
- Tsk tsk tsk.
- Ele mandou muito mal dizendo que Sarney não devia ser tratado com uma pessoa comum.
- Sim, ele tem "história" no Brasil.
- Cartão vermelho para o nosso presidente.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Uma proposta? Uma mudança!

Arranca um,
arranca dois,
arranca três e diga:

Três pratos de trigo para três tigres tristes.

- Rápido!

Não posso negar, eu adoro novela. Uns meses atrás eu andava com papo de que novela não é arte, ator que faz novela não é ator... Esse papo preconceituoso e tudo o mais.
A novela Caminho das Índias começou no início do ano eu a enchia de críticas. Passou uma semana, duas semanas: Essa Juliana Paes sempre faz o mesmo tipo de personagem, olha a cara dela. Passou três semanas: como ator, o Márcio Garcia é um bom apresentador.
Até que me vi elogiando atrizes como Débora Bloch, Letícia Sabatela e Totia Meireles... Tive que admitir: essa novela é boa. Gloria Perez, sem dúvida, é uma excelente escritora. A sua forma de abordar a sociedade brasileira, com seus problemas, com o seu povo e a maneira como ela contrapõe nossa cultura com a indiana é interessantíssima.
Eu poderia fazer milhões de post’s só para comentar os “dramas” que ela aborda na novela, sobretudo, há um que tem me chamado bastante atenção: a educação.
Já há algum tempo em que penso sobre a realidade em que vivemos, onde pais criam filhos sem limites, que acreditam serem donos do mundo, alunos desrespeitam professores, não levam a escola a sério... Eu acredito que a solução para muitos problemas sociais/políticos/econômicos de nosso país é a educação.
Um dia desses, meu professor de matemática pediu para levantarem a mão aqueles que gostariam de ser professor, se fosse uma profissão bem remunerada. E eu levantei, no ímpeto da ação, mas logo me lembrei o quanto esta profissão tem perdido sua dignidade, com as faltas de investimento do estado, na violência dentro das escolas e nos “filhinhos de papai” que soltam desaforos como: o que é que você está falando aí, eu é que pago seu salário!
Eu não vivi essa época, onde professor era, realmente, autoridade dentro da sala de aula, mas acredito que era uma boa fase. Mas hoje em dia, se os filhos não respeitam os pais, eles vão respeitar o professor? Educados dentro de casa, educados com o mundo. Está tudo ligado.
Apesar de todos problemas enfrentados tanto nas escolas públicas, quanto nas particulares, eu tenho a esperança de que haja uma mudança de mentalidade, ou melhor, uma conscientização. Principalmente quando vejo esse tema ser abordado em um veículo de informação tão acessível e assistido pelos brasileiros: a novela.
A educação pode fazer o Brasil progredir bastante, mas parece que nem todos pensam como eu.

domingo, 7 de junho de 2009

Das coisas do amor



E ele anunciou com certo alívio:
- Eu nunca sofri por amor.
Para muitos, a sua declaração poderia soar arrogante, meio prepotente, mas ele, na verdade, nunca havia tido um grande amor. Mal tinha se apaixonado verdadeiramente e sido correspondido.
- Paixões platônicas me alimentam. Disse adaptando a frase: "qualquer paixão me diverte".
Já vira algumas vezes amigos sofrendo por amor. Achava triste e não entendia muito bem como o "amor" podia trazer sensações tão antagônicas.
- O amor tem dessas coisas.
- Tem?
- Nem sempre é uma via de mão dupla.
- Mas a paixão não é assim?
- Também.
- Se para amar, eu tenho que estar disposto a sofrer... Prefiro me resguardar.
Ele se resguarda. Guarda-se para si, protege-se do outro.
- Eu tenho medo.
- Medo?
- Medo de me envolver. Isso acontece sempre, ou quase sempre. Talvez seria prudência.
- Entendo.

(...)

- Isso te incomoda?
- O quê?
- Viver assim, sem um amor?
- Não sei... Ás vezes. Colocamos tanta neurose nessa coisa de "paixão". Pensamos que iremos nos completar, a outra metade da laranja... Tudo isso que a mídia vende: em livros, novelas, filmes, etc. Projetam um ideal, e que dizer que não existe é quase redundância.
- Está sendo sincero?
- Eu gosto de me apaixonar, às vezes... Mas também é bom ficar na minha. Se a questão é buscar a cara metade, alguém que me complete... No momento eu prefiro buscar em mim mesmo, no meu mundo, aquilo que me falta.

sábado, 30 de maio de 2009

Minha Irritante 'Floresta'


Todos temos uma floresta dentro de nós.
- Não sabia.

Revirando os medos, os meus medos... Desenterrando-os.
- Vai bobo, continue a brincar com fogo!


Essa noite tive um sonho estranho. Horrível. Pesadelo? Não, mas era estranho e horrível... Sancha, minha cachorra, me mordia no final de tudo... Trazendo-me para realidade. Não sei se a agradeço ou repudio.

Estou reescrevendo um texto meu para teatro e como falo de medo, resolvi busca-los em mim! Deu no que deu, veio tudo à tona: o medo de escuro, do vazio, dos espíritos... A recordação de que já fui mordido por um cachorro, por meio de um desagradável sonho. Acordei às 3h da manhã assustado, liguei a televisão e coloquei no canal "Rede Super", eu precisava ouvir sobre Deus... Para meu desespero, passava um filme de Jesus... E aos que não sabem, eu MORRO DE MEDO DA IMAGEM QUE O HOMEM FEZ PARA CHAMAR DE JESUS. Na infância eu sonhei com ele, cabeludo, barbudo e com olhos claros, duas vezes e foi aterrorizante. Nunca me afeiçoei ao catolicismo por causa das imagens. Elas não me confortam, elas me dão MEDO.

Todos temos uma floresta dentro de nós. Onde os Medos passeiam sem rumo!

- Deparei-me com todos.

- Todos quem?

- Os medos.

- Todos?

- Os já registrados em minha memória, esta que eu insisto em vasculhar.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Há um ano...



Há um ano resolvi fazer um novo blog para publicar meus textos. Seria uma forma de interagir com o outro, aquele a quem direciono a palavra. Eu escrevo porque gosto, do que gosto, mas eu espero que uma terceira pessoa leia.

Uma coisa que me questiono, ou, até mesmo, preocupo tanto é a minha escrita. Acredito ser um grande amador e a consciência de que cometo erros de coerência, ortografia e concordância me perturbam bastante. Escrever é prática e o blog está sendo uma escola para mim.

Aqui, pouco a pouco, eu estou descobrindo a minha escrita e criando uma maior intimidade com a palavra. Escrevo sobre o que me interessa, o meu mundo, o eu. O Meu Irritante Eu.

- Porque “irritante”?

Eu tenho um relacionamento bem melindroso comigo mesmo e, muitas vezes, não tenho paciência com minhas atitudes. Ora as acho bastante infantis, ora bastante idiotas. Não foge muito disso. Mas, ainda assim, o título desse blog me incomoda. IRRITA. Ele é grande demais e teve influência direta do programa “Irritando Fernanda Young”. Eu o suportei durante um ano, mas, seria demais leva-lo à frente.

Procuro dentro dele um nome, o próprio, eu pergunto:

- Qual é o seu nome?

- Qual é o seu nome? Um eco no oco!

No eco, um oco.

No oco, um eco choco, que choca (coca, caco, coco).

Um eco chocho, no oco.

Novo, no ovo oco.

No ovo, choca um choco.

Conversando com alguns amigos e comentando que gostaria de mudar o título do blog, eles falaram: para quê mudar, o nome é tão legal.

- Legal, será?

- É sim.

- Mas...

- Sem "mas"!

- Está bem, afinal... Quem não tem suas influências na vida?

- Um parente meu já dizia: nessa vida, nada se cria, tudo se copia.

- Pare com isso! Eu tenho uma eterna busca pelo novo. Pelo meu "novo" eu, aquele que eu ainda não descobri, mas que está guardado.

- Sim sim.

Está bem, um feliz aniversário para "Meu - já descoberto e desconhecido - Irritante Eu" e que ele tenha muitos anos de vida!

sábado, 16 de maio de 2009

"Vamos até o sétimo"


Uma dor de barriga costumeira: nervosismo. E assim foi (quase) toda a oficina de interpretação para cinema que fiz. Procurando um bônus no meio de todo esse ônus... Foi bom! Sei que foi bom. Aprendi tanta coisa. Talvez, como me falaram, dessa vez eu estava entendendo mais as coisas. Sim, tanta coisa. "Filipe, acorda! Você está fazendo muito menos pelo que quer, do que deveria. Você só fala que quer, que é isso, mas... cadê? Cadê tudo?"... Cadê, não é mesmo?
É mesmo, voltei a fazer análise. Ah, estou tão feliz com isso. Não sei como fiquei sem isso por um ano (ou mais). Tanta neurosejunta. Confuso, confuso? Não sei. Mas algo não vai bem. Ah, mas não vai mesmo. A cada dia que passa, me desconheço. "Quem é esse? Você?". Sim, por quê? "Nada". Não sei de nada. Ainda bem que agora tenho um apoio.
Gostei tanto da personagem que fiz nessa oficina, Eduardo, década de 50, muita paixão, inveja, ciúmes. Muita coisa para trabalhar em mim e nele também. Sem contar que resgatei Elvis Presley, João Gilberto, Tom Jobim... Beatles! Das três oficinas que já fiz, esse é o personagem que mais gostei e, pelo visto, irei continuar a trabalhar com ele para a próxima também.
Estudo, estudo e estudo. Perdido. "Quem? Eu, ou o estudo?". Não sei. Só sei que tenho que estudar muito e domingo tem simulado. "Acordar cedo no domingo?". Que saco!
Seu aniversário está chegando. "É mesmo!". Um ano... Tão bebê ainda, mas tem progredido muito. "Demais!".
Eu sou muito ruim. "Como assim, ruim?". Não sei, só sei que sou. "É mesmo? Mas... como assim?". Ruim. "Ruim ruim, ou ruim ruim?". Ruim ruim. "Não entendi". Nem eu. "Vamos até sétimo".
Está bem:

O Outro (musicado por Adriana Calcanhotto)

Eu não sou eu,
Nem sou o outro
Sou qualquer coisa de intermédio
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o outro.

Mário De Sá Carneiro

sábado, 9 de maio de 2009

Do barquinho, uma saudade


O Barquinho

Dia de luz
Festa de sol
E o barquinho a deslizar
No macio azul do mar
Tudo é verão
O amor se faz
Num barquinho pelo mar
Que desliza sem parar
Sem intenção nossa canção
Vai saindo desse mar
E o sol beija o barco e luz
Dias tão azuis

Volta do mar
Desmaia o sol
E o barquinho a deslizar
E a vontade de cantar
Céu tão azul
Ilhas do sul
E o barquinho é um coração
Deslizando na canção
Tudo isso é paz
Tudo isso traz
Uma calma de verão e então
O barquinho vai
A tardinha cai

Ando ouvindo algumas músicas de bossa nova para me ajudar na criação da minha personagem e achei essa música, "O Barquinho", só que na voz de João Gilberto. Mas quando ouvi, logo me lembrei da minissérie "Maysa".
Como uso o blog para registrar momentos e estou no meio de uma oficina de interpretação para cinema, com a diretora Gabriela Linhares, resolvi registrar aqui meu "material" para composição daquilo que chamo de "minha arte".



Chega de Saudade

Vai minha tristeza
e diz à ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza, é só tristeza
E a melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim


Silêncio! Deixe o som rolar... Vamos curtir esse momento e mais nada. Vamos até o fim.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Meu querido avô


Há um ano o senhor Agenor, meu avô, faleceu. Gostaria de ter escrito um belíssimo texto para "postar" aqui, mas ontem eu comecei a fazer uma oficina de interpretação, voltada para cinema, e está tudo uma correria. Por outro lado, no dia do meu aniversário - e dele também - eu escrevi um texto para o homenagear e, também, agradecer; porque meu avô me ensinou uma das coisas mais importantes em minha vida:

No dia-a-dia, uma ausência. No coração, aquela velha presença, uma vez plantada e cultivada pelo senhor Agenor (meu avô). Ele está fazendo falta. Estamos todos com saudade. Mas será que ele realmente se foi?
Meu avô deixou um pouco dele em todos nós. Como grande "entendedor" de hortas e jardins, ele enxergou em nós prosperidade. Plantou uma semente, adubou nosso solo, regou-nos com muito cuidado, sem exagerar uma gota. Ele podou nossos galhos e fez de cada um, uma árvore bela e forte, daquelas que dão frutos.
Vejo que o senhor Agenor está em sua esposa, seus filhos, seus netos, bisnetos, genros e noras... Ele esta em todos os que tiveram oportunidade de conhecê-lo.
Não é preciso vídeos, nem fotos, é fechar os olhos que eu ouço aquela risada sapeca sempre acompanhada de algum comentário. Lembro-me claramente do seu jeito de caminhas, a maneira como segurava uma colher... e como comia com gosto!
Acredito que eu aprendi com meu avô uma das coisas mais importantes da minha vida, que é dar valor a essa imensa família que tenho. Se sou como sou, fruto do meio, é porque cresci aqui, na casa da minha avó.
Hoje, dia 24 de abril, data de meu aniversário, eu gostaria de agradecer a todos vocês por tudo e, também, ao meu avô, que me mostrou nos seus atos, a grandeza de ter uma família, essa família, os Sousas com z e com s.

Ano passado, em julho, quando eu estava em época de apresentações, fiquei chateado por pensar que o senhor não iria poder me prestigiar no teatro. Cheguei a sonhar que estava apresentando e via-o na platéia. Ah, como chorava ao vê-lo ali. Pouco depois desse pensamento, lembrei-me que muito pelo contrário, a partir de então o senhor estaria sempre me assistindo e acompanhando todo o meu progresso, seja no teatro, seja aonde eu estiver.
Meu querido avô, sei que estás bem. Pode até ter morrido em carne, mas em espírito, continua presente em nossas vidas. Como disse a todos que estavam presente em sua casa, no dia do nosso aniversário, o senhor está com a gente em todos os lugares, na memória, no coração, nos valores ensinados, na nossa conduta... Gostaria, mais uma vez, de te agradecer por tudo.

Muito obrigado, meu vô!

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Refúgio


Bom... É... Meu nome é... Bom, eu queria começar... É! Eu não estou bem. E dizer assim, pela primeira vez, eu não conheço o grupo ainda... Eu fico sem graça.
Eu sei, eu sei que eu posso ficar a vontade, se isso bastasse. Se, sabendo disso, eu conseguisse dizer alguma coisa, mas veja só, eu já estou dizendo... Eu falo muito, falo nada...
Eu não estou bem, eu sei que não estou bem... Foi até por isso que eu resolvi vir aqui, eu preciso de um refúgio. Um lugar para falar, mesmo que eu não fale nada com nada, mas... É para falar. Falando, já está bom, não é? É... Bom, se eu pudesse cantar, a música que me vem a cabeça são os gritos de Ana Carolina... Seu Jorge: Não Vou Nada Bem! Aquela que todo mundo suicida... Não, jamais! Não estou falando em suicidar, muito pelo contrário, se eu vim aqui é porque eu quero viver. Viver de uma forma melhor, entendem?
Eu estava ouvindo a história de todos vocês... É, a vida de ninguém é fácil, mas a minha às vezes parece ser mais difícil do que as outras... Não sei o porquê. Talvez seja porque eu a vivo... É... É isso, o problema sou eu.
Eu estou sem graça de começar a falar, logo de cara... É a minha primeira vez aqui no grupo. Isso é normal, não é? Assim, ficar sem graça, na primeira sessão. Eu não conheço ninguém. Além de eu não me conhecer, eu não conheço ninguém aqui...
Estou abafado, descobri isso. Eu sinto que estou abafado. Muito! Nossa!
Bom... Era só isso mesmo, por hoje... É que... Eu não estou bem.

domingo, 26 de abril de 2009

O Zoológico de Tennenssee


Na revista Bravo! do mês de março, na coluna Máscara, Amanda Wingfield, personagem da peça O Zoológico de Vidro, incorporada em Cássia Kiss, deu uma entrevista falando de seu relacionamento um tanta quanto turbulento com seus filhos, Laura e Tom. Foi aí que começou o meu interesse pelo espetáculo, em cartaz, no Palácio das Artes, neste final de semana. E eu fui lá conferir.
O texto é de Tennensee Willians e dizem ser autobiográfico. Como a própria Cássia disse no final do espetáculo, é uma peça que valoriza o ator por sua profundidade.
A história gira em torno das preocupações exageradas de Amanda com seus filhos. Ela tem medo de sua filha se tornar uma solteirona e também não quer que seu filho passe o resto de sua vida trabalhando em um depósito, ganhando pouco dinheiro. Com isso, ela acaba sufocando seus filhos e causando muitos conflitos.
Quando acabou o espetáculo, Cássia Kiss avisou que no final de cada sessão, eles costumam ficar mais trinta minutos para discutir a peça com a platéia, lógico, com quem se interessar. E eu, é claro, fiquei para participar do "mine pocket debate". Foi super interessante ouvir os atores falarem do processo de criação e pesquisa e discutirem conosco sobre os temas que a peça retrata.
Está sendo tão interessante ter essas experiências com o teatro. Percebo que há uma nova dinâmica entre os atores e a platéia. Há um desejo de tirar a espectador da passividade e trazê-lo para realidade do espetáculo. Há um envolvimento maior com o público. Foi o mesmo com A Alma Boa de Setsuan, os personagens conversavam com a platéia antes da peça... Muito bacana.
Tudo isso está enriquecendo demais a minha "bagagem" artística. Espero, em breve, registrar a minha ida a outros espetáculos aqui.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

B'day



Porque menino, por quê?

Porque tanta idéia?

Para quê tudo isso?


Nesse dia, 24 de abril (data do meu nascimento), celebro minha vivência falando de mim. O eu, interno, que é orgânico, dotado de emoção, não muito, porém, racional.

- Quem é você? Perguntou ele, bem baixinho, como se fosse um murmúrio.

- Quem é você? Respondeu o outro, no mesmo tom.

E nesse silêncio, eles se conheceram. Eles, ele, o próprio, o mesmo... Eu. E eu me conheço? Não, definitivamente não. Mas eu vivo!

- Eu tinha o costume de me olhar no espelho. Era agradável para mim, não sempre, quase nunca, mas algumas vezes era agradável me olhar. Reconhecer-me no meu próprio reflexo, exposto ali, aqui, na minha frente. Detectei certas semelhanças entre mim e ele, o que acarretou em uma séria implicância.

Eu gosto de mim. Muito! Apesar de muito me contrariar, de trair e, principalmente, não obedecer aos meus comandos... Repito:

Eu gosto de mim.

__gosto da vida.

__+osto de livro.

-----sto di escrever.

------to do rir.

-------o du arte em si (em dó, em ré, em mim, também).

---------de ti e dele, também.

- Ainda assim, não posso negar, há certas coisas que insistem em me incomodar. Meu, eterno, irritante eu! Tão estranho.

- O que é estranho?

- Eu.

- Vamos ao que interessa, jogo rápido, bate bola... Um livro:

- Só um?

- Está bem, três.

- O Mundo de Sofia, O Pequeno Príncipe e A Casa dos Budas Ditosos. Sempre gostei de livros. Não os lia, quando era criança, mas gostava de ter. Hoje, ainda gosto de ter livros (comprar), a diferença é que comecei a ler.

- Um filme:

- A Partilha, é brasileiro (AMO!). Porque eu descobri as Frenéticas e foi amor a primeira vista: Dance bem, dance mal, dance sem parar...! É o meu lema.

- Uma música:

- Seduzir, de Djavan: Vou andar, vou voar, pra ver o mundo...! Minha vida tem trilha sonora, a cada época, uma música especial.

- Inverno ou verão?

- Inverno... Sempre me inspirou bastante. Frio com chuva então... Nem se fala.

- Falar de nós mesmos, de forma direta, é tão difícil, não acha?

- Porque muitas vezes não sabemos o que se passa dentro de nós. Eu, por exemplo, reconheço-me, mas não na totalidade do meu ser.

- Posso continuar com as perguntas?

- Tudo bem.

- Uma memória:

- Sabe, eu costumava inventar histórias na minha infância. Montava direitinho na minha cabeça toda a trama. Lembro-me que eu tinha vários amigos imaginários. Se tem uma coisa que eu nunca poderei reclamar, será de não ter sido criança. Eu fui criança até o fim, quando meu tio dizia que eu estava grandinho demais para brincar com bonequinhos.

- Bom, para encerrar a conversa... Uma frase:

- Uma citação?

- É.

- Pode ser duas? É que eu fui olhar no meu caderninho de notas e vi duas perfeitas.

- Está bem.


Quem não é um acaso na vida?

Clarice Lispector


Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existem.

Oscar Wilde


- Obrigado.

- De nada.

- Ah! Já ia me esquecendo... Parabéns.

- Parabéns!