domingo, 26 de outubro de 2008

Give me a break



Extremamente cansado!!!
Assisti um filme excelente: Sweeney Todd. Acho que escreve assim, é do diretor Tim Borton. Um máximo, vale muito a pena ver.
Assisti nessa segunda-feira, uma palestra com a filósofa Marcia Tiburi, que faz parte do programa Saia Justa e tem uma coluna nas revistas Cult e Vida Simples. Foi excelente também. Acho que pela primeira vez entendi o que é filosofia. E me fascinou bastante.
No final da palestra eu levei o último livro que a Marcia escreveu, para autografá-lo. Nesses momentos me sinto aquele fã idiota, com aquela emoção de estar na frente daquela pessoa que sem nem conhecer direito, você o respeita e o idealiza... Foi o mesmo com a Maitê Proença. Enfim, contei a ela que tenho uma "batalha" com o primeiro livro da trilogia dela, Magnólia, falei que já tinha tentado ler umas duas vezes e ela falou: Mas isso é muito bom! E tivemos uma pequena prosa.
Não tenho mais nada a falar, minha vida nos últimos dias passou a ser preocupações com o tanto de coisa que tenho para ler e fazer. O vestibular chegando, as provas finais no colégio, apresentação de teatro... E a tendência é só piorar.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Ou eu, ou o pernilongo

Uma coisa que me irrita bastante é o pernilongo. E resolvi falar sobre ele porque só essa noite já matei uns cinco, digo isso sem exageros. Mas eles realmente me irritam e acho que não é só a mim.

Se eles não fizessem aquele barulho insuportável e picassem silenciosamente, não irritariam tanto. Mas não, eles têm a necessidade de incomodar, já saquei isso. Em qualquer hora do dia, avacalhar com a calma do cidadão é o ofício deles.

Desconfio que eles tenham um gosto, ou, um hábito noturno. Deparo-me com esses infelizes justamente quando estou pronto para dormir, ou no meio da noite mesmo, acordando com seu barulho. Eu fico possesso.

Tempos atrás, acordei dias seguidos lá pelas quatro da manhã com um barulhinho peculiar no meu ouvido. Quem era? Um pernilongo, ou “o” pernilongo, como quiser. Para mim, que acordo às seis para arrumar para escola foi ótimo perder dez, quinze minutos tentando matar o indesejado inseto.

O bom, se é que pode se chamar de bom, é que estou “fera” para matar pernilongo. Pergunto-me: o que a prática não faz, não é?

Fico frio e calculista a observar o mosquito voando até que: PÁH! PÁH! PÁH! Depois de duas, três tentativas, sinto-me vitorioso.

Ridículo isso, mas passou a fazer parte da minha rotina. E com eles não tem estações do ano definidas, nem nada. É inverno, verão, outono ou primavera. Estão sempre aí, feito praga.

O problema é: o repelente daqui de casa acabou e nem eu, nem ninguém dessa casa tomou a iniciativa de comprar um novo. Meu tio fala para eu fechar as janelas lá pelas seis horas, ligar o ventilador na hora de dormir... Só que janelas fechada às seis horas da tarde, com esse aquecimento global é impensável e o barulho do ventilador me incomoda de dormir. Lamentável, mas detalhes como estes barulhos atrapalham o meu sono.

Enquanto não for providenciada nenhuma arma química, a guerra entre eu e os pernilongos está estabelecida. E el... PÁH... eles sã... PÁH... sã... PÁH... são muitos! Pronto, a chacina está estabelecida.

domingo, 12 de outubro de 2008

A Luneta Mágica



- Mamãe, eu ganhei uma luneta mágica de um senhor, morador de rua.
- Que história é essa meu filho?
- Mamãe, com ela eu posso desvendar todos os mistérios do céu, foi isso que ele disse.
- Não existem lunetas mágicas. Muito menos que fossem dadas aos outros por um morador de rua. Veja só, um senhor que não tem onde cair duro.
- Cair duro, mamãe?
- É meu amorzinho. Bater as botas, falecer.
- Não mamãe, mas eu ganhei de um desses senhores que não tem aonde bater as botas, uma luneta mágica. A senhora quer ver?
- Eu quero ver sim, a mamãe só está falando que mesmo que existissem lunetas mágicas, elas não seriam dadas assim, aos outros, principalmente por um morador de rua.
- Pois pode sim. E ele me falou que pela luneta, eu poderia conhecer todos os segredos que o céu tem. Ver tudo de pertinho. Mamãe, será que um dia existirá passagens de ônibus para ir conhecer o céu?
- Meu filho, um dia todos nós iremos conhecer o céu. Na fé de Deus. Mas não precisa ter pressa, você é muito jovem ainda. Depois que viver tudo que tiver para viver, não só você, mas todos nós iremos conhecer o céu, o paraíso de Deus.
- Ah não, mãe. Mas depois que eu conseguir desvendar todos os mistérios do céu, pela minha luneta, vou ficar ansioso para conhecê-lo.
- Pare de falar bobagens. Vá tomar seu banho, o almoço está quase pronto. Você já deve estar com fome.
- Vou sim mamãe, mas antes vou dar uma espiada no céu, para ver como as coisas andam por lá.
A mãe do garoto caiu na gargalhada
- Deixa eu ver então essa tal luneta.
O filho saiu da cozinha e voltou com a tal luneta. Sua mãe colocou-a na frente dos olhos e mirou o céu pela janela.
- Mas eu não estou vendo nada demais. Esse senhor enganou você. Isso sim!
- Deixa eu ver mamãe – Pôs a luneta em frente aos olhos – Não mamãe, eu consigo ver...
- Ver o quê, meu filho?
- O céu, com todo seu esplendor. E veja só, passarinhos! Ah! Tem uma nuvem sorrindo para nós. Veja isso mamãe, veja!
- Não consigo ver nada, meu filho. Disse, olhando o céu pela luneta.
- Não é possível mamãe. Às vezes a nuvem parou de sorrir.
- Não é nada disso. Guarde o seu brinquedo e vai tomar seu banho. Eu tenho que terminar de fazer algumas coisinhas para o almoço.

ps. O vídeo é da Fernanda Takai e no finalzinho ela canta a música 'Seja o meu céu', que me inspirou para escrever este cont'inho.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Perigrinações em Itabira


Cheiro de cidade antiga, Itabira. Nunca gostei muito de poesia alheia, porque não entendia. Mas lá em Itabira, fui entender melhor, principalmente as de Drummond que até então detestava. Saímos de Belo Horizonte numa sexta de manhã e chegamos lá na hora do almoço. Estávamos realizando um sonho de minha tia Márcia, uma apaixonada por Drummond.

Fomos eu, minha tia Márcia, tia Lúcia e meu tio Alfredo. Fui com um certo ar de preconceito, não fazendo muitas expectativas. Chegando lá já comecei a formar opiniões ao ver aquela típica cidade do interior que está se urbanizando. Não via arquiteturas antigas, ruas de pedras, essas características de cidades históricas do interior de minas.

Fomos procurar um hotel para ficar. Um hotel que fosse perto dos centros históricos para que fosse fácil ir a pé, pois meu tio Alfredo iria visitar um amigo em Itambé, então não poderíamos contar com um carro e “motorista”. Foi ai que minha decepção acabou, chegamos na parte “velha” da cidade, onde, aí sim, encontrei “minha” arquitetura antiga.

Ficamos hospedados no hotel Itabira, onde era a antiga casa do Barão de Alfié. Lá foi fonte de inspiração para dois poemas de Drummond, José e Sobrado do Barão de Alfié. Um lindo casarão adaptado para ser um, diga-se de passagem, ótimo hotel da cidade.

Nos acomodamos no hotel, almoçamos e ai sim começamos nossas peregrinações.

Mudei totalmente meus conceitos, no mesmo dia em que chegamos fomos visitar o museu da cidade, a casa de Drummond, a igreja Nossa Senhora do Rosário e o Centro Cultural de Itabira. Foi o maior barato. Estávamos tão cansados porque já tínhamos conhecidos tantos lugares, mas minha tia Márcia queria porque queria ir ao Centro Cultural naquele mesmo dia. O pessoal do museu tinha falado que lá tinha uma estátua de Drummond por lá.

Tia Lúcia, coitada, nem emitiu opinião. Ficou calada, estava tão cansada que queria voltar para o hotel, mas como tia Márcia estava tão decidida, resolveu nem falar. Eu já estava fazendo movimentos inconscientes com a perna, já não as sentia muito bem. Nós demos uma volta inexplicável, só depois fomos descobrir que a rua em frente o hotel caía diretamente na avenida do Centro Cultural. Mas quando chegamos lá, foi só “festa”, tiramos fotos e mais fotos com a estátua, de todos os jeitos possíveis. Tudo para valer a pena a tal caminhada.

Depois voltamos para o hotel. Lúcia tinha chegado inspirada, digamos que um tanto atormentada. Cismou em fazer poesia, deitada na cama, escrevia em um rascunho com sua caneta recém chegada de Paris ( trazida de presente de uma amiga, Maria Luiza). Assim dizia a todo momento quando perdia a tal caneta de vista: “Ai meu Deus! Cadê a minha caneta de Paris?”. E eu achando a maior graça. No final das contas a inspiração de minha tia rendera uma bela poesia, na qual todos ficaram surpresos quando chegamos da viagem. Lá também fiz algumas poesias, mas nenhuma falando da viagem.

No outro dia acordamos cedo, tomamos café da manhã. E que café da manhã! Estava excelente. Eu não estava muito animado, mas minhas tias insistiam em caminhar. Resolvemos fazer um percurso até a casa de Drummond, iríamos andar até lá novamente e depois do almoço pegaríamos um ônibus para ir no Memorial de Carlos Drummond de Andrade.

E valeu a pena, conheci lá no Museu, que fica em frente a casa de Drummond, um senhor chamado Aníbal. Muito inteligente, não sei porque mas a imagem dele na minha frente falando sobre política, poesia, história e vários outros assuntos, questionando o governo e a sociedade me lembrou bastante Sócrates. Podem rir bastante, mas me veio tal relação na cabeça.

Para concluir minha peregrinação a Itabira... Fomos ao Memorial. Particularmente, achei tudo muito pobre de informações. Mas lá, tinham livros dele, alguns de outros autores que dedicavam livros a ele, inclusive o livro de Melhores Contos de Sabino. Tinha também a máquina de escrever de Drummond e várias fotos.

Para fechar com chave de ouro, ou melhor, chave de minério de Itabira, fomos a Fazenda do Pontal. A fazendo do pai de Drummond. Andamos igual condenado. Se um dia resolver fazer tal viagem a Itabira, vá de carro. Foram tantos morros para chegar até a fazenda. Lúcia não se agüentava, tive que empurra-la morro acima. Márcia andava três léguas atrás de nós dois.

Mas valera a pena todas essas aventuras. Ri demais com minha tia Lúcia, pena que não posso recomendá-la como companheira de viagem porque é particular. No final de todas visitas minha tia Márcia queria chamar um táxi lá da fazenda, estava traumatizada com o tanto morro. Mas tia Lúcia já avisara: “pra descer, todo santo ajuda”. Se ajudou, eu não sei, mas que chegamos todos sãos e salvos lá no hotel, nós chegamos.

Lá encontramos meu tio Alfredo, que queria saber se iríamos embora no sábado mesmo ou se sairíamos no domingo de manhã. E a resposta veio a cavalo igual a vontade de ir embora, afinal, já havíamos terminado nossas peregrinações e não havia porque continuar na cidade natal do poeta maior Carlos Drummond Andrade.

Filipe Arêdes

19/08/2006

ps. A foto aí em cima, é na estátua do Centro Cultural de Itabira.

sábado, 4 de outubro de 2008

O Rinoceronte


O Rinoceronte de Eugène Ionesco é fantástico. Terminei de lê-lo hoje, dia 4 de outubro. É uma história muito profunda, de influências, cheia de metáforas e simbolismo. A aparição de um rinoceronte, a princípio, causa uma confusão na cidade. Várias indagações a respeito do animal, de sua origem, se era bicórnio ou unicórnio... Só que com o tempo, as pessoas começam a transformarem-se em rinocerontes também.

Claro, como eu já havia começado a falar, essa figura do rinoceronte é uma metáfora. Há uma influência de idéias, valores morais que vão mudando as pessoas. De forma voluntária ou involuntária.

Jean: Moral! Lá vem a moral! Estou farto de moral! É linda a moral! É preciso ir além da moral!

Bérenger: E que é que você põe no lugar dela?

Jean: A natureza!

Bérenger: A natureza?

Jean: A natureza tem as suas leis. A moral é antinatural. [...]

Bérenger: Reflita um pouco. Você sabe muito bem que nós temos uma filosofia que esses animais não têm. Um sistema de valores insubstituíveis! São séculos de civilização humana!

Jean: Derrubemos tudo isso! Assim ficaremos melhor!”

Acho que o livro discute o sistema, capitalismo, socialismo, anarquismo, comunismo, nazismo, tudo isso que faz parte da nossa história; a Igreja também... Tudo o que mexe com o pensamento.

É um assunto muito complexo, nem sei condensa-lo em um texto. Não tenho tantas propriedades para isso.

Só sei que o livro traz essa mensagem. Trabalha a questão da influência, em massa, do pensamento e o processo todo que isso leva. É curioso ver como, gradativamente, as pessoas da cidade vão transformando-se em rinocerontes.

Chega a um ponto que eles se tornam a maioria e causa a discussão do que é o “normal”? Ser humano, ou como os outros? E esse pensamento também ajuda na própria transgressão do ser. Hoje em dia, por exemplo, quando vejo mais e mais pessoas fazendo coisas que acho ilícitas... Pergunto-me, o diferente sou eu? O errado sou eu? E muitas vezes, esse tipo de questionamento é um passo para a transformação.

Daisy: Afinal, talvez sejamos nós que precisemos ser salvos. Talvez os anormais, sejamos nó.

Bérenger: Você está delirando, Daisy; você está com febre.

Daisy: Você está vendo mais alguém como nós?

Bérenger: Daisy, não quero ouvir você dizer uma coisa dessas! ”

Acho que certas mudanças na sociedade causam uma série de discussões em nossas cabeças, mas nunca se sabe se serão para o bem ou não.

Bérenger: [...] Ah! Como eu me arrependo. Devia ter seguido todos eles, enquanto era tempo. Agora é tarde demais! Infelizmente, eu sou um monstro, sou um monstro. Infelizmente, nunca serei rinoceronte, nunca, nunca! Nunca mais poderei mudar. Gostaria muito, gostaria tanto, mas já não posso. Não quero nem olhar para minha cara. Tenho vergonha! Como eu sou feio! Infeliz daquele que quer conservar a sua originalidade! Muito bem! Tanto pior! Eu me defenderei contra todo o mundo! Minha carabina, minha carabina! Contra todo mundo, eu me defenderei! Eu me defenderei contra todo o mundo! Sou o último homem, hei de sê-lo até o fim! Não me rendo!”

ps. Esse livro é um clássico do Teatro do Absurdo.