sexta-feira, 31 de julho de 2009

O Vaso Sanitário

O vaso.

Instalado no banheiro, ao lado do chuveiro.

Onde as pessoas se sentam, onde as pessoas suam de dor, onde as pessoas se aliviam.

Qual é a sua dor? Qual é o teu medo?

Desespero, anseio, inseguro, indigesto.

O que te faz mal? O que não lhe cai bem no estômago?

A bunda, o ânus, o intestino...

O esgoto do ser humano. O cano.

Aonde vai toda aquela merda?

Dispara a descarga.

Redemoinho: movimento das águas, das fezes, da urina, do vomito.

O ser humano é sujo.

O homem precisa eliminar toda sua impureza.

A tristeza, a inveja, o apego, desejo,medo,

a vaidade de pensar ser diferente do outro.

O engano.

No vaso todos somos um, comum.

O que não lhe cai bem no estômago?

O doce, o amargo, o salgado, ou o azedo? O agridoce também.

O que não te serve mais?

Matar, mentir, roubar, fugir, adulterar e trair.

A sujeira do homem está toda ali.

A imundice moral. O pecado mortal. O engano total.

No vaso sanitário.

No banheiro público, o do teu trabalho, da tua casa.

Tudo se esvairá ali.

domingo, 26 de julho de 2009

Vamos

- Vamos improvisar um post?
- Vamos.
- E se ficar ruim a gente apaga.
- Está bem.

Eu não sei muito bem o rumo que esse blog está tomando. Quando eu fiz isso aqui, eu pensava em escrever textos interessantes, bem elaborados e tudo o mais. Não que isso não tenha acontecido, mas é que eu adotei uma "prosa livre", na qual eu conto apenas com a inspiração e nada de técnica.

- Falemos das férias, que tal?
- É uma boa idéia.

Pois então, como citei no tópico anterior, eu cheguei a conclusão de que eu teria que descansar nessas férias. Se eu estudasse, voltaria cansado às aulas em agosto e muito pelo contrário, eu preciso estar descansado, relaxado, porque daí adiante eu não paro mais. Daqui pra frente, só janeiro eu vou pensar em descansar. Amém!

- E o que você fez nas férias?

Férias é uma coisa tão previsível, ? Ou você viaja, ou fica em casa. Quando você viaja, nós, brasileiros, privilegiados com maravilhosas praias, muitas vezes vamos para o litoral. Há aqueles que preferem alguma cidadezinha do interior, aqui em Minas temos tantas cidades histórias, que poderíamos fazer um prazeroso roteiro turístico.
Mas quando se fica em casa, o jeito é fazer como eu: alugar muitos filmes, selecionar uns três livros, ficar o dia inteiro de pijama e já tá ótimo. O cinema nem sempre é um recurso muito bom, porque eu sempre me vejo naquela situação: porra, ta todo mundo viajando... E agora, José? E cinema sem companhia é um pouco sem graça, para não dizer muito. Você tem que estar num estado de espírito muito transcendental para fazer algo assim.
Pois bem, eu passei essa semana toda escrevendo um conto. Ah, que delícia. Decidi que agora não me preocupo em escrever romances, só prosa curta. Porque meus romances sempre viram novela, eu vou inventando tanto personagem e eu me apego a eles e já quero criar um conflito para todos. É uma enxurrada de neurose. E aí, já viu, só Freud aguenta.
Andei com uma vontade de tentar Letras na UFMG. Sei lá, eu gosto tanto de escrever. Mas olha bem pra minha cara, eu não tenho a mínima vocação para ser professor. E esta profissão está tão desvalorizada, com salários baixos, falta de respeito dos alunos... está tão preocupante, que já virou até 'post' já publicado nesse blog. Eu prefiro ficar com a minha 'psicologia' mesmo e seja o que Deus quiser.

- E o twitter?

Ah, que invenção incrível foi esse twitter. Eu viciei. Todo dia penso em algo bem medíocre pra escrever lá. Isso quando não pago de 'cult' e fico comentando de Shakespeare e cinema retrô. ADORO!
No mais, é só isso. Que eu vou ali ler o jornal que meu pai comprou.

domingo, 19 de julho de 2009

I'll be back


Ultimamente eu não tenho escrito coisas das quais eu me orgulhe e encha a boca para falar: eu escrevi! No entanto, eu continuo nessa 'batalha' (tudo para deixar mais dramático o meu desabafo).
Sabe, eu tenho sido muito duro comigo mesmo. Não aceito os meus erros, ou melhor, a minha falta de experiência com certas coisas, como a própria escrita. Eu cobro muito de mim e acho que até certo ponto isso é bom. Mas quando isso se une à minha ansiedade, aí acabou. Eu simplesmente surto. Afinal, quem dá conta, não é?
Cobranças, cobranças cobranças!

- Você escreve tão mal.
- Você tem estudado pouco.
- Você é um saco, sabia?
- Você é um pseudo-intelectual, entendeu?
- Você tem três anos de inglês, e o que você sabe? Nada!

Você, você, você!
Não dá, não é mesmo? Eu sou meu único amigo. A-MI-GO. Único. O resto é o resto e essa é a dura realidade da vida. Se eu não me estender a mão, a coisa vai desandar MESMO.
Estou tentando ser mais paciente comigo. Até escrevi um dia desses que eu tenho uma vida inteira para aperfeiçoar tudo o que devo. Assim espero.
Estou de férias. Esta que eu nem devo aproveitar tanto, por estar em ano de vestibular (merda de vestibular). Mas resolvi tirar quatro dias para descansar e estou indo bem... Estou fazendo coisas que eu adoro: ler, escrever e assistir filme... Além de não ter hora para acordar.
Escrevi no último post, que estava pensando em acabar com esse blog. É, eu estava. Pura cobrança. Isso aqui não é nenhuma coluna de jornal, ou revista, em que eu tenho que escrever muito bem e blá, blá, blá... Não tem todas aquelas exigências. Isso aqui é para praticar. PRATICAR. É para eu aprender e aperfeiçoar. Para conhecer a minha escrita (estilo). E eu estou indo bem, estou começando ainda.
Enfim, isto foi só mais um desabafo que escrevi nesse blog e como dirria o Arnold Schwarzenegger no filme O Exterminador do Futuro: I'll be back.

- Até o próximo post.
- Até!

sábado, 18 de julho de 2009

Eu aguardo


- Vamos brincar de ser feliz?
- Sim.

Para quê desesperar e ficar com esse ar de derrotado?

"A vida não vai com minha cara, Deus não gosta de mim"

Sorria. Um sorriso leva a outro, um outro (quem sabe?).

- Me concede essa dança?
- Sim.

Andas tão galante, tão... Romeu e Julieta estão me influenciando. Ah, bom!

- Ah, e a cena "O Jardim de Capuleto"?
- Lindo!
- Shakespeare fala de amor sem me deixar com náuseas.
- Não tem quem se compare a ele. Grande dramaturgo.

Strauss e Shakespeare salvaram minha semana. SEM SOMBRA DE DÚVIDAS.

Estou voltando.
Sim, estou.
Melhorando (eu espero).

Aguardo respostas.
Cartas, mensagens... Bilhetes.
Não suma. Eu volto.

- Volta mesmo?
- Sim, eu volto.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Crise?

Cansei. Cansei de mim, cansei de todos. Transferi.

Pensei em acabar com este blog.
Pensei em começar um novo.
Pensei entrar de 'férias' (férias?).
Pensei em mudar o layout.
Pensei em tirar todas as fotos e figuras (e tirei).
Pensei em tirar os comentários (e tirei).

Talvez seja uma fase. Uma nova. Momentânea. Talvez!

- Quem sabe?
- Eu!
- Eu perguntei: 'quem sabe?'
- Eu.
- Você não serve.

Serve para aliviar. Serve como paliativo.

- Vamos dar um jeito nisso?
- Vamos.
- Como um casamento, ou como as "juras" durante a cerimônia. Na saúde e na doença, na tristeza e na alegria...

Amém!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O belo (me) te encanta?!



Ela olhou-se no espelho e perguntou, meio apreensiva:

- Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?

E o silêncio entre a pergunta e a resposta pareceu render uma eternidade.

Rostos bonitos, corpos exuberantes. O que é a beleza? Quem tem a beleza?

- Você tem pra vender?

- Não, está em falta.

Vende-se um modelo. META. Todos querem alcançar um ideal: um corpo perfeito, uma vida perfeita, um par perfeito...

- Iludidos.

A beleza não passa de busca pela organização, falou-me a professora. Segundo estudos, isso não passa de uma busca pela harmonia. Rostos bonitos são rostos simétricos.

Narciso apaixonou-se por seu reflexo na água: uma maldição. Sua pena? Morrer afogado. Mito, verdade.

Ando assim, meio narciso, meio eu. Eu demais. Há um mecanismo de defesa em tudo isso, voltar para si, para dentro. Proteção. A decepção será menor.

- É feio?

- O quê?

- Ser assim, meio narcisista.

- Claro que não, só não pode exagerar.

- Eu tenho ego grande demais, às vezes tenho de freia-lo.

- Tome cuidado.

A beleza é tão... Fugaz, as palavras se vão quando tenho que descrever o belo. O belo vai do momento, da situação, do vento (tempo):

Momento;

situação;

vento (tempo);

As palavras me faltam para descreve-lo. Suspiro! O belo me encanta, o belo te encanta?

- Ora me acho bonito, ora me acho feio. Ora me amo, ora me odeio.

- Normal.

- Não banalize meus sentimentos! Disse em tom de ameaça.


E o Espelho respondeu:

- Existe uma moça, Rainha. Seu nome é Branca de Neve. Ninguém jamais viu beleza com a dela.

- Não! Disse a Madrasta, atirando-se de encontro ao espelho.