terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Um diário, uma guerra... Uma grande lição


Eu tenho uma boa história com o livro Diário de Anne Frank. Tive que ler quando estava na oitava série para fazer um trabalho. Fiz o trabalho, mas o livro... Eu larguei pela metade. Não tive paciência, na época, com a inquietude daquela garota que assim como eu, estava com seus 13/14 anos de idade. Eu pensava: que garotinha mais bobinha.

No final do ano passado, olhei para minha prateleira de livros e vi que havia muitos ali, que eu havia largado pela metade. Resolvi dar uma nova chance a eles e o primeiro que escolhi foi Anne Frank, devido à forma como ela me influenciou há uns três/quatro anos. Foi quando revolvi começar um diário empolgado com essa história de deixar relatados os fatos que aconteciam comigo. Durante esse tempo em que andei escrevendo, não atravessei nenhuma Guerra Mundial, nem nada que pudesse transformar minha vida radicalmente... Já em 1942:

Anne vivia tranquilamente, freqüentando a escola, mas já nessa época era privada de algumas coisas que os judeus não podiam fazer com entrar em lojas que não fossem autorizadas, andar de bonde em certos horários, etc. Começou a escrever seu diário um pouco despretensiosa, contando sobre seu dia-a-dia, até que seu mundo deu uma volta 360°. Teve que se esconder com sua família, após sua irmã, Margot, receber uma notificação...


“Uma chamada! Todo mundo sabe o que isso significa! Imaginava campos de concentração, celas de prisões.”

“Margot tinha dezesseis anos; será que eles levavam mesmo meninas desta idade, sozinhas?”


Sim, levavam. Essa cambada de desumanos (nazistas) era capaz disso e muito mais.

Anne Frank amadureceu muito com o tempo em que teve que se esconder por causa dos movimentos anti-semitas durante a 2ª Guerra Mundial. Ela chamava o lugar onde fora morar como Anexo Secreto. Lá, Anne viveu brigas com seus companheiros, lamentou muitas vezes por não ter um bom relacionamento com sua mãe, apaixonou-se, leu muito e, principalmente, escreveu tudo o que pensava sem muitos rodeios.

Era inteligente, curiosa, questionadora e criativa... Tinha, sempre, muito a contar, principalmente a sua Querida Kitty, o diário que a acompanhou dos treze aos quinze anos e que depois, tornou-se conhecido em boa parte do mundo.

Anne era uma garota intensa e cheguei a me emocionar com seu amadurecimento, e sua profunda reflexão sobre si mesma. Passou de menina a mulher, dentro daquele “Anexo Secreto”, com um pano de fundo como aquele: Uma guerra aterrorizadora.

“... viro meu coração do outro lado, outra vez, para que o lado mau fique de fora e o bom de dentro, e continuo a tentar encontrar a maneira de ser como desejo ser, se... se não houvesse mais ninguém vivo neste mundo...”


Sonhava, pensava alto. Queria se tornar jornalista e futuramente uma grande escritora... O que acabou conseguindo.


“Em março de 1945, dois meses antes da libertação da Holanda, morreu Anne, no campo de concentração de Bergen-Belsen.”

Eu fico me perguntando: Por quê? Porque, Deus, uma menina como aquela que tanto sofreu durante o tempo em que morou escondida, teve que morrer pouco antes da guerra se apaziguar? Anne era incompreendida por todos e por si mesma e quando estava tomando consciência de quem era, quis Deus que ela partisse...

Hoje, percebo que eu, assim como Anne, tinha dificuldades de me expressar verbalmente e por muitas vezes fui mal interpretado... E mais uma vez, assim como ela, foi por forma de diário que descobri uma grande paixão minha: escrever.

“Quero continuar a viver, mesmo depois de minha morte! E por isso, sou grata a Deus que me deu este dom, esta possibilidade de me desenvolver e escrever, de expressar tudo o que há em mim.”


Faço das palavras dela... As minhas!

3 comentários:

. rafael rocha. disse...

muito belo. mas discordo de um ponto. não acredito que a morte dela tenha a ver com a 'vontade divina'

a morte espreita a todos que vivem. fator inevitável. e Deus não tem nada com isso

no mais, que bom que o diário te despertou para a escrita, em especial neste blog, um diário não-secreto

Romulo Lacerda disse...

A vida sempre é e sempre será feita de fases. A obra que essa mulher deixou foi a sua missão, o porquê de vir até aqui, até nós... a razão do seu viver. E não é isso que muitos de nós, talvez todos nós, procuramos? As coisas acontecem da forma que tem que acontecer, agradando-nos ou não. E não vou tomar partida com algumas palavras, vou simplesmente falar, que ela saiu satisfeita. Um dom nunca é por acaso.

Anônimo disse...

A MORTE É O ÚNICO MAL IRREMEDIÁVEL ,ENTRE O CÉU E A TERRA.MORREU PORQUE ALI ERA O MOMENTO, PORQUE NÃO ERA A SUA VIDA PRESERVADA QUE A FARIA MELHOR, E SIM OS SEUS FEITOS E TUDO QUE ACREDITAVA , E ISSO ELA SOUBE DESCREVER :)ADOREI O BLOG! BJOS