segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Penduricalhos: um sarau estendido no varal

Fui-me pra Pasárgada
onde a existência
é uma aventura.
Fui crer na
distância entre
fui ver - da minha
câmera (quebrada!) -
o que os olhos
até então
não podiam crer. 
E senti: a vida é leve!
O mundo é leve e
Drummond, talvez,
completasse:

"ele não pesa mais
que a mão de uma criança"

Pedi pelo aviso
até dar por
mim e
de fato partir
ao meio
anseio - desejo de
quem teme.
Foi preciso
deixar a
máscara cair!
Deixar a ficha
escorrer.
E só aí
poder e querer
e mergulhar
nesse sonho de
olhos - bem - abertos.

Pesadelomedo,
nesse chuveiro
o pingo pinga
pinga e fere
e pifa: ohcéus,
o chuveiropifou!,
mas uma hora 
essa água
há de acabar.
Ela há de

se esvair
pelo ralo,
assim como eu,
só que um pouco

mais tarde.
 
Em Pasárgada
eu vi, nem
sei como,
nem quando,
mas vi o meu eu.
explodir, feito
bomba-relógio.
E fui, pouco a
pouco perdendo
os sentidos,
nem tato, nem olfato,
visão alguma;
nem som, nem gosto.
E me perdi
e esqueci
de mim... em si.

Aproveitei
pra desdizer
o que
um dia disse
e vi palavramarcarda,
uma vez
manchada,
jamais esquecida
palavra não-dita,
maldita
que insiste em
se pronunciar:
sou seu,
meu. - nosso!

Esse nosso olhar
cruzado foi
então marcado
naquele encontro
lado a lado num
balanço-de-cadeira.
Brincarte de quem
com o fogo mexe
e não se queima.
E arrisca ao
cada vez mais:
Ei!, quer brincar de ser feliz?

Aprendi
que em Pasárgada
a vida é um risco,
onde alguns,
achando bárbaro
o espetáculo,
prefeririam os (delicados)
morrer. No entanto,
ali a vida é
um - interregno -
frágil tempo
que se esvaira
como um sopro...

Ah!, Pasárgada,
um dia eu volto de lá.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lipe, que coisa mais linda... Quem conhece sua história recente entende melhor... Eu me perdi no seu texto. Não de ficar perdido, mas de viajar, se perder aí dentro...
Te amo mto, amigo!

Um beijo grande, de um grande fã!