domingo, 7 de junho de 2009

Das coisas do amor



E ele anunciou com certo alívio:
- Eu nunca sofri por amor.
Para muitos, a sua declaração poderia soar arrogante, meio prepotente, mas ele, na verdade, nunca havia tido um grande amor. Mal tinha se apaixonado verdadeiramente e sido correspondido.
- Paixões platônicas me alimentam. Disse adaptando a frase: "qualquer paixão me diverte".
Já vira algumas vezes amigos sofrendo por amor. Achava triste e não entendia muito bem como o "amor" podia trazer sensações tão antagônicas.
- O amor tem dessas coisas.
- Tem?
- Nem sempre é uma via de mão dupla.
- Mas a paixão não é assim?
- Também.
- Se para amar, eu tenho que estar disposto a sofrer... Prefiro me resguardar.
Ele se resguarda. Guarda-se para si, protege-se do outro.
- Eu tenho medo.
- Medo?
- Medo de me envolver. Isso acontece sempre, ou quase sempre. Talvez seria prudência.
- Entendo.

(...)

- Isso te incomoda?
- O quê?
- Viver assim, sem um amor?
- Não sei... Ás vezes. Colocamos tanta neurose nessa coisa de "paixão". Pensamos que iremos nos completar, a outra metade da laranja... Tudo isso que a mídia vende: em livros, novelas, filmes, etc. Projetam um ideal, e que dizer que não existe é quase redundância.
- Está sendo sincero?
- Eu gosto de me apaixonar, às vezes... Mas também é bom ficar na minha. Se a questão é buscar a cara metade, alguém que me complete... No momento eu prefiro buscar em mim mesmo, no meu mundo, aquilo que me falta.

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