quarta-feira, 30 de julho de 2008

Folhas avulsas de um baú - 1°parte


L. estava mexendo em seu baú, lendo algumas coisas passadas, quando encontrou uma folha, na qual havia um colorido diferente, giz de cera. L. gostava de colorir com giz de cera, achava mais expressivo que o lápis comum.

Na tal folha, havia um texto, L. tinha escrito em 18/07/07.

"... garota eu vou pra Nova York, vou ser artista de cinema, o meu destino é ser star"

"Com um pouco de lucidez, com um misto de sensatez, esforço-me para não ser tão falso com meus próprios sentimentos, estes que hoje variaram da maior alegria e satisfação à tristeza e desânimo. Viver e viver bem, essa é a vontade suprema e tentar entender essa pessoa esquisita, deitada na cama, distante desse mundo real."

A essa altura, tudo se tornou fantasia e nada, nada o distrai. L. muitas vezes escrevia de forma tão dramática... Ele apenas tentava expressar um pouco do que se passava dentro dele.

"Um lado meu quer derramar-se em lágrimas, lágrimas de pura nostalgia, a outra... É a outra e pondo"

Era apenas mais um fragmento de um pensamento determinado.

"... Como é bom lembrar do momento em que as luzes se acendiam e eu não era só eu, eu transbordava, eu transcendia!"

Saudades? Sempre. Esse esquisito da cama, daria tudo por um instante de recordação. Levanta e vai até o espelho do banheiro... E reconhece-te, olha bem em seus olhos, para ver se em algum segundo, um ou outro deixa escapar um olhar dissimulado.

"... Agora só vejo a verdade e ela não é dura como dizem, talvez eu esteja de acordo comigo, que a verdade não arranque nem pedaços desse corpo mal trapido, digo, esquisito."

Aos poucos, vai liberando seus segredos, ou melhor, suas verdades...

"Sou um ser inconstante. Eu sou. No fundo consigo sentir um carinho especial por mim mesmo. Eu consigo entender tudo que passa no lugar mais profundo e escuro, meu lar. Aqui habitam a verdade, os segredos, os medos, as felicidades, tristezas, todos vivem em harmonia, (principalmente a mentira, quem disse que há harmonia?). "

L. sentiu saudades daquele momento. De julho do ano passado. O texto havia trazido uma boa recordação e isso o deixava feliz, o deixava satisfeito.

"Esse chapéu velho, sempre estará na minha recordação. Tudo tão perfeito."

E L. terminou a leitura com uma lágrima escorrendo de seus olhos.

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