domingo, 3 de abril de 2011

Ah, se vá

 "Subo nesse palco, minha alma cheira a talco
como bumbum de bEbê, de BeBÊ.
Minha aura clara, só quem é clarividente pode VER.
PoDE ver!"

Palco, na voz de Djavan

As coisas andam bem diferentes, no entanto sinto certa dificuldade para identificar o que realmente mudou. Parece tão sutil, tão mimetizado à vida já vivida que se torna uma dessas palavras-chave para se completar um  caça-palavras ou uma dessas peças-chave que se escondem na multidão de outras peças mais, dificultando a construção do nosso quebra-cabeça. Entretanto, as coisas andam bem diferentes.
Foram tantos os movimentos, tantos corpos, tantas idéias... Tantos e tantas que me deixaram tonto! Inebriado que estou, passo a olhar a realidade de maneira mais irracional, animal. Ligado estou à cada parte do meu corpo... Meu contato com a dança tem provocado parte dessas perspectivas, olhares espalhados pelo meu próprio espaço. O teatro não fica pra trás, ou fica? Se fica, corre e se mostra capaz.
Sinto certa legitimidade no que faço. Tudo parece estar de acordo, embora eu esteja discordando. Afinal, cabe a mim complicar o que certo está. Mania boba ou obsessiva de verificar tudo, entender tudo, explicar tudo. Cansei de psicologar. Quero muito restringir o conhecimento que tenho adquirido à sala de aula. Cansa-me muito reparar em cada ato falho que eu cometo, cada coceira, cada piscar de olhos. Não dá!
Estou amando o curso, ou, os cursos que tenho feito. Psicologia se mostra a escolha certa a cada aula. Todas as áreas parecem me interessar, tudo parece somar ao conhecimento que necessito pra ser psicólogo. Até então, teorias pareciam confrontar umas com as outras, um discurso quase teológico de dono da verdade , parecia emergir de cada vertente. Agora não. Agora elas parecem andar de mãos dadas, somando-se. Psicanálise ainda é minha "menina dos olhos". Ela nos acolhe. Essa semana mesmo eu escrevi no twitter que Freud me entenderia e isso conforta minha alma já tão atormentada.
Continuo estudando teatro e me apaixonando por ele cada dia mais. Estou tão cheio de idéias e a vontade que tenho é a de canalizar tudo isso num processo de criação artística. Vamos ver, né? Enquanto isso continuo a fazer minhas aulas de teatro e participando de todas as oficinas que coincidem com meus horários. 
A dança apareceu na minha vida e tenho flertado com ela. Bebo das suas fontes, pois através delas me sinto mais vivo, mais auto-realizado. É como se fosse tudo o que me faltava até então. Com a dança minha arte parece estar completa. E juntos vamos dialogando e criando minhas instalações efêmeras.
Com tudo, sigo eu nessa vida em auto-relevo, cheia das (falsas) evidências. Continuo lendo meus livrinhos de literatura brasileira minha predileção; continuo a frequentar minhas aulas, prestando bastante atenção, fazendo minhas anotações e curtindo muito meus amigos; continuo, principalmente, a me contaminar por todos os cantos, todos os meios pelos quais eu ando e desando, embriagando-me de todos e tudo.
Descobri que tudo está em movimento, a todo o tempo. Por mais que pareça que não, as coisas vão mudando e nem sempre se encarregam de mostrar explicitamente o que está acontecendo. E tais coisas não param, pois o próprio parar é também movimento, só que lento. E nos acomodamos a novos esquemas, às vezes mais rapidamente, às vezes nem tanto. Mas o divã se encarrega do que nós mesmos não damos conta de carregar. Ah, se vá.

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