
Porque menino, por quê?
Porque tanta idéia?
Para quê tudo isso?
Nesse dia, 24 de abril (data do meu nascimento), celebro minha vivência falando de mim. O eu, interno, que é orgânico, dotado de emoção, não muito, porém, racional.
- Quem é você? Perguntou ele, bem baixinho, como se fosse um murmúrio.
- Quem é você? Respondeu o outro, no mesmo tom.
E nesse silêncio, eles se conheceram. Eles, ele, o próprio, o mesmo... Eu. E eu me conheço? Não, definitivamente não. Mas eu vivo!
- Eu tinha o costume de me olhar no espelho. Era agradável para mim, não sempre, quase nunca, mas algumas vezes era agradável me olhar. Reconhecer-me no meu próprio reflexo, exposto ali, aqui, na minha frente. Detectei certas semelhanças entre mim e ele, o que acarretou em uma séria implicância.
Eu gosto de mim. Muito! Apesar de muito me contrariar, de trair e, principalmente, não obedecer aos meus comandos... Repito:
Eu gosto de mim.
__gosto da vida.
__+osto de livro.
-----sto di escrever.
------to do rir.
-------o du arte em si (em dó, em ré, em mim, também).
---------de ti e dele, também.
- Ainda assim, não posso negar, há certas coisas que insistem em me incomodar. Meu, eterno, irritante eu! Tão estranho.
- O que é estranho?
- Eu.
- Vamos ao que interessa, jogo rápido, bate bola... Um livro:
- Só um?
- Está bem, três.
- O Mundo de Sofia, O Pequeno Príncipe e A Casa dos Budas Ditosos. Sempre gostei de livros. Não os lia, quando era criança, mas gostava de ter. Hoje, ainda gosto de ter livros (comprar), a diferença é que comecei a ler.
- Um filme:
- A Partilha, é brasileiro (AMO!). Porque eu descobri as Frenéticas e foi amor a primeira vista: “Dance bem, dance mal, dance sem parar...”! É o meu lema.
- Uma música:
- Seduzir, de Djavan: “Vou andar, vou voar, pra ver o mundo...”! Minha vida tem trilha sonora, a cada época, uma música especial.
- Inverno ou verão?
- Inverno... Sempre me inspirou bastante. Frio com chuva então... Nem se fala.
- Falar de nós mesmos, de forma direta, é tão difícil, não acha?
- Porque muitas vezes não sabemos o que se passa dentro de nós. Eu, por exemplo, reconheço-me, mas não na totalidade do meu ser.
- Posso continuar com as perguntas?
- Tudo bem.
- Uma memória:
- Sabe, eu costumava inventar histórias na minha infância. Montava direitinho na minha cabeça toda a trama. Lembro-me que eu tinha vários amigos imaginários. Se tem uma coisa que eu nunca poderei reclamar, será de não ter sido criança. Eu fui criança até o fim, quando meu tio dizia que eu estava grandinho demais para brincar com bonequinhos.
- Bom, para encerrar a conversa... Uma frase:
- Uma citação?
- É.
- Pode ser duas? É que eu fui olhar no meu caderninho de notas e vi duas perfeitas.
- Está bem.
“Quem não é um acaso na vida?”
Clarice Lispector
“Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existem.”
Oscar Wilde
- Obrigado.
- De nada.
- Ah! Já ia me esquecendo... Parabéns.
- Parabéns!