quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O despertar de um pessimista

ou Uma noite à luz do dia

O sol lá fora surgia
e da janela o
chamava pra
vida: acorda!
Esfrega, puxa,
espicha e grita:
sai de mim, preguiça!

Lençol, travesseiro,
cama, pijama, chinelos,
óculos... Cadê os
meus óculos?
Levantara da cama,
olhos semicerrados
cambaleara até
alcançar o som: play!
Ligava-se para
o dia.

A música tardia veio
dar sentido àquilo
que já não existia.
Meros trechos mal encaixados,
versos desencontrados que
se reuniam pra fazerem
parte de um passado
encaixotado.

E não veio sozinha,
mas sim equiparada,
quero dizer, bem acompanhada
de muitas outras estrofes,
de canções várias,
verdadeiras traduções
de sentimentos
afônicos, atônitos
pelas circunstâncias.

Arrastara-se até
a janela. O céu de
azul clarinho carinhava
sua cuca, com a mão
de encontro à nuca
dera-lhe um
puxão de orelha.

Xícara de café
na mão, biscoito
de nata. Café-da-manhã
perfeito para seguir
satisfeito o resto
da vida cumprida.

Não fosse os
mesmos deveres
compridos
todos os dias. Não
fosse os mesmos
problemas. Não
fosse as mesmas
questões, as mesmas
paixões. Não fosse eu,
não fosse você.
Até daria.

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