quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sobre a falta que (o meu eu) sinto

Descobri que tenho certa dificuldade de ficar longe de casa por muito tempo. Mesmo estando perto de minha mãe, agora sinto falta daqueles que deixei lá,  no Brasil, estado de Minas Gerais, cidade de Belo Horizonte, região Leste, bairro Paraíso, rua... Minha casinha, com meus tios, meu quarto, minha cama, travesseiro, escrivaninha, livros!
É mesmo difícil se sentir completo, se de lá, sinto falta do que tenho aqui, minha mãe... Aqui eu também sinto um buraco enorme. A verdade é que eu não consigo viver sem esses dois mundos. E pensar que estou no meio da minha viagem ainda, passou tão pouco para eu estar sentindo essa saudade...
Eu gosto de rotina, dos meus compromissos, acorda às 6h pra chegar à faculdade às 7h30, tal hora eu tenho que ir pra natação, quarta é dia de Saia Justa, no canal gnt, às 22h30, sexta é dia de balada com os amigos, domingo é dia de ir pra casa da vó.
Em BH eu tenho a liberdade de ir pra qualquer canto sem depender de ninguém. Basta eu pegar um ônibus, um taxi, que eu consigo chegar aonde eu quero. Eu sei como ir, na maioria das vezes. Aqui é mais difícil, logicamente por ser um novo lugar, preciso aprender quais ônibus tomar, como funciona o sistema ferroviário, bastante utilizado pelos norte-americanos, ou então ir de carro, com alguém, para os lugares que pretendo. Nessas horas eu vejo o quanto sou acomodado com as coisas, apegado ao fácil. Vejo como é difícil, se é que é mesmo, sair dessa zona de conforto e aprender a me virar em outro lugar. 
A rotina da maioria dos brasileiros que conheci até agora é bem corrida. Trabalha-se muito, no entando sua mão-de-obra é valorizada. No verão, como agora, nos finais de semana, os amigos se reunem para fazer churrasco do lado de fora da casa, beber, bater papo... Conseguir as coisas aqui é bem mais fácil, as coisas aqui não são tão caras como no Brasil. Em Philadelphia existe um bucado de bar/boate brasileiro, que toca axé, funk, sertaneijo (ecate!). Mas o mais interessante é que aqui essas festas só podem ficar até 2h da madrugada, é lei. Depois disso todos esses estabelecimentos se fecham e o povo vai para as "after party" na casa dos outros. 
Felizmente esta é só uma viagem, embora eu tenha muita vontade de vir para cá passar um semestre, ou o período das minhas férias (três mêses) com minha mãe, aproveitando também para fazer algum curso de inglês. Aqui eu estou pegando uma maior fluência, vejo que eu entendo muita coisa. Às vezes, por nervosismo, eu ouço, acho que não entendi o que a pessoa falou, pergunto de novo e quando a pessoa repete eu vejo que eu sei o que está me dizendo.
Eu também tenho visitado bastantes lugares, estive no centro de Philadelphia que é maravilhoso, passeei em alguns mall, fui à Atlantic City, em New Jersey, onde há praia e Cassinos no calçadão e ontem eu fui pra New York, cidade que tanto me encanta... Mas essa viagem já valeria só pelo convívio com minha mãe. É tão prazeroso estar perto dela, sempre tão bem-humorada, engraçada... Com ela não tem tempo ruim. Eu não quero nunca me acostumar com essa distância que nos separa. Às vezes eu penso que não, mas eu vejo que ela me faz muita falta...
Espero um dia poder conciliar esses dois mundos. Não vai demorar, logo logo eu virei para cá e irei embora junto com minha minha mãe. E tenho certeza que ao chegar no Brasil será a maior festa.  Sei que muita coisa mudará, assim como mudou quando ela decidiu vir para cá. Como toda mudança, terá suas perdas e ganhos, mas só de não ter mais essa distância, tenho por mim que será bem melhor.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Papo de 'corrente' e outras coisas mais

Eu tenho uma tia, Eliana, que é uma grande referência em minha vida. Boa parte da minha motivação em fazer psicologia foi por sua influência, por ouvir seus casos na clínica psicanalítica. Além desse, temos outros interesses em comum, todos os finais de ano, costumamos planejar várias coisas para o Natal e Ano Novo. De amigo oculto às dinâmicas que sempre propomos, sem falar nas lembrancinhas, sempre criativas e diferentes das anteriores.
Esses dias ela me mandou uma 'corrente' por e-mail e acredito que qualquer pessoa com bom senso sabe que ' corretentes' são um SACO! Só servem para lotar nossa 'caixa de entrada'. Pois bem, resolvi responder seu e-mail, para lhe encher um pouco o saco:

"Uai Tia Eliana, a senhora agora deu pra mandar "corrente" pr'os outros? aushushs
Tá, tudo bem, a mensagem era até bonita.

Um beijoo do seu sobrinho que muito lhe estima."

Passaram-se os dias e nada de eu receber alguma resposta, mas também, era apenas um recado para discontraí-la em seu trabalho, ou sabe-se lá o lugar no qual ela fosse ler o e-mail.
Hoje, embora de férias, querendo desvencilhar dessa vida virtual para aproveitar mais o tempo livre, abro o meu e-mail e cá a resposta da minha querida tia:


"Filipe,
 
  Larga de ser chato, eu sou gente também viu seu bobo.
  um beijo,
  sua tia que muito lhe estima e adora corrente."

Ai, mas eu achei o maior barato, mais bem-humorada impossível.
Ela, desde sempre, me ensinou a valorizar esses tais laços familiares tão importantes em nossas vidas. Ensinando e reforçando, a cada ano, a importância dos valores e virtudes que aprendemos com esses entes mais que queridos, 'amados'. 


ps. Deixo aqui a mensagem escrita na tal corrente enviada por minha tia:

"Passando pra dizer que algo bom aconteceu comigo...
 Hoje recebi esse recado (abaixo), e quando estava
 começando reenvia-lo, recebi uma ÓTIMA notícia...
 Espero que  dê certo para vocês também!!! 


 Com carinho!

Salmo 100:4 Deus tem visto suas lutas. Deus diz que elas estão chegando ao fim. Uma bênção está vindo em sua direção. Se você crê em Deus, por favo envie esta mensagem para 20 amigos, retornando também a quem te enviou... não ignore, você está sendo testado(a). Se rejeitar lembre-se disso: "se me negas entre os homens te negarei diante do pai". 
Dentro de 4 minutos darão uma notícia  BOA. Funciona mesmo... não custa tentar!!
 
 "O vazio do nosso coração é do tamanho de Deus"
                                                                                  F. Dostoyevisky   "

quinta-feira, 1 de julho de 2010

(des)controle

"Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir

Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me entregue suas penas
Já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada"


                                                                                    Arnaldo Antunes 


Esses dias ouvi de uma veterena minha que os meus próximos cinco anos serão determinados pelos meus semestres da faculdade. Os horários das minhas aulas irão variar de período para período, portanto estarei sempre me (re)programando.
A verdade é que eu estou sempre, SEMPRE, me programando. Eu estou constantemente tentando me encaixar numa rotina "perfeita" na qual eu estudaria, mas também teria horários "fixos" para assistir filme ou outros programas afins. Sem falar das mil atividades como natação, teatro, inglês e sabe-se lá mais o quê eu invente para fazer. Tudo. Tudo em, míseros, sete dias.
Eu acredito que nem preciso dizer que isso nunca dá certo. Eu nunca consigo seguir esses compromissos, se é que podem ser chamados de compromissos, e acabo me sentindo mal. Tudo porque me cobro demais. Eu estou farto de tudo isso!
Esse foi um semestre bem difícil. Não sei se é porque ano passado eu não fiz "nada" de muito relevante, além de levar uma vidinha casa/cursinho, mas nesses últimos seis meses aconteceram tantas, mas tantas coisas. E eu passei abril, maio e junho tentando me organizar, tentando me programar, tentando me enquadrar num estilo "x" de vida...
Estou sempre querendo estar no controle da minha vida mas eu vejo que as coisas não funcionam dessa maneira. Sei que no final tudo dá certo, mas como ter certeza se não posso fazer muito? Se não está nas minhas mãos?  Eu simplesmente tenho dificuldade de deixar as coisas rolarem.
Esses dias eu me propus uma dinâmica que vi em uma reprise do Saia Justa com a formação original (Rita Lee, Fernanda Young, Marisa Orth e Monica Woldvogel). A brincadeira consistia em falar como pensamos que os outros nos veem, como nos vemos e como gostaríamos de serem vistos. Fiquei o meu percurso todo, daqui de casa até a faculdade, dentro do ônibus, questionando-me: como eu me vejo? Como eu me vejo!?!?!
Por vezes eu respondia para mim: eu me vejo como uma pessoa tranquila, equilibrada, otimista, calma... Mas isso não é verdade. Não nos últimos tempos, os quais eu ando sempre preocupado, sempre procurando racionalizar sobre tudo o que anda me acontecendo. E dá-lhe terapia, sessões e mais sessões para me ajudarem a dar conta, ou melhor, para me mostrarem que eu não preciso dar conta. Mostrar que, na verdade, eu preciso é deixar as coisas seguirem seu próprio rumo, sem muita preocupação... E isso me irrita! Me irrita pelo fato de eu ver que as coisas devem ser assim, mas eu não consigo.
Hoje as coisas me parecem tão esquisitas, tão embaçadas... Meu sistema sensorial falhou. Eu acredito que tudo é questão de adaptação. Amanhã as coisas podem parecer mais claras, ou ao menos fingirem-se de claras.
Eu não quero querer perder o controle descontrolado uma vez perdido controlado não mais adquirido!