sábado, 30 de maio de 2009

Minha Irritante 'Floresta'


Todos temos uma floresta dentro de nós.
- Não sabia.

Revirando os medos, os meus medos... Desenterrando-os.
- Vai bobo, continue a brincar com fogo!


Essa noite tive um sonho estranho. Horrível. Pesadelo? Não, mas era estranho e horrível... Sancha, minha cachorra, me mordia no final de tudo... Trazendo-me para realidade. Não sei se a agradeço ou repudio.

Estou reescrevendo um texto meu para teatro e como falo de medo, resolvi busca-los em mim! Deu no que deu, veio tudo à tona: o medo de escuro, do vazio, dos espíritos... A recordação de que já fui mordido por um cachorro, por meio de um desagradável sonho. Acordei às 3h da manhã assustado, liguei a televisão e coloquei no canal "Rede Super", eu precisava ouvir sobre Deus... Para meu desespero, passava um filme de Jesus... E aos que não sabem, eu MORRO DE MEDO DA IMAGEM QUE O HOMEM FEZ PARA CHAMAR DE JESUS. Na infância eu sonhei com ele, cabeludo, barbudo e com olhos claros, duas vezes e foi aterrorizante. Nunca me afeiçoei ao catolicismo por causa das imagens. Elas não me confortam, elas me dão MEDO.

Todos temos uma floresta dentro de nós. Onde os Medos passeiam sem rumo!

- Deparei-me com todos.

- Todos quem?

- Os medos.

- Todos?

- Os já registrados em minha memória, esta que eu insisto em vasculhar.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Há um ano...



Há um ano resolvi fazer um novo blog para publicar meus textos. Seria uma forma de interagir com o outro, aquele a quem direciono a palavra. Eu escrevo porque gosto, do que gosto, mas eu espero que uma terceira pessoa leia.

Uma coisa que me questiono, ou, até mesmo, preocupo tanto é a minha escrita. Acredito ser um grande amador e a consciência de que cometo erros de coerência, ortografia e concordância me perturbam bastante. Escrever é prática e o blog está sendo uma escola para mim.

Aqui, pouco a pouco, eu estou descobrindo a minha escrita e criando uma maior intimidade com a palavra. Escrevo sobre o que me interessa, o meu mundo, o eu. O Meu Irritante Eu.

- Porque “irritante”?

Eu tenho um relacionamento bem melindroso comigo mesmo e, muitas vezes, não tenho paciência com minhas atitudes. Ora as acho bastante infantis, ora bastante idiotas. Não foge muito disso. Mas, ainda assim, o título desse blog me incomoda. IRRITA. Ele é grande demais e teve influência direta do programa “Irritando Fernanda Young”. Eu o suportei durante um ano, mas, seria demais leva-lo à frente.

Procuro dentro dele um nome, o próprio, eu pergunto:

- Qual é o seu nome?

- Qual é o seu nome? Um eco no oco!

No eco, um oco.

No oco, um eco choco, que choca (coca, caco, coco).

Um eco chocho, no oco.

Novo, no ovo oco.

No ovo, choca um choco.

Conversando com alguns amigos e comentando que gostaria de mudar o título do blog, eles falaram: para quê mudar, o nome é tão legal.

- Legal, será?

- É sim.

- Mas...

- Sem "mas"!

- Está bem, afinal... Quem não tem suas influências na vida?

- Um parente meu já dizia: nessa vida, nada se cria, tudo se copia.

- Pare com isso! Eu tenho uma eterna busca pelo novo. Pelo meu "novo" eu, aquele que eu ainda não descobri, mas que está guardado.

- Sim sim.

Está bem, um feliz aniversário para "Meu - já descoberto e desconhecido - Irritante Eu" e que ele tenha muitos anos de vida!

sábado, 16 de maio de 2009

"Vamos até o sétimo"


Uma dor de barriga costumeira: nervosismo. E assim foi (quase) toda a oficina de interpretação para cinema que fiz. Procurando um bônus no meio de todo esse ônus... Foi bom! Sei que foi bom. Aprendi tanta coisa. Talvez, como me falaram, dessa vez eu estava entendendo mais as coisas. Sim, tanta coisa. "Filipe, acorda! Você está fazendo muito menos pelo que quer, do que deveria. Você só fala que quer, que é isso, mas... cadê? Cadê tudo?"... Cadê, não é mesmo?
É mesmo, voltei a fazer análise. Ah, estou tão feliz com isso. Não sei como fiquei sem isso por um ano (ou mais). Tanta neurosejunta. Confuso, confuso? Não sei. Mas algo não vai bem. Ah, mas não vai mesmo. A cada dia que passa, me desconheço. "Quem é esse? Você?". Sim, por quê? "Nada". Não sei de nada. Ainda bem que agora tenho um apoio.
Gostei tanto da personagem que fiz nessa oficina, Eduardo, década de 50, muita paixão, inveja, ciúmes. Muita coisa para trabalhar em mim e nele também. Sem contar que resgatei Elvis Presley, João Gilberto, Tom Jobim... Beatles! Das três oficinas que já fiz, esse é o personagem que mais gostei e, pelo visto, irei continuar a trabalhar com ele para a próxima também.
Estudo, estudo e estudo. Perdido. "Quem? Eu, ou o estudo?". Não sei. Só sei que tenho que estudar muito e domingo tem simulado. "Acordar cedo no domingo?". Que saco!
Seu aniversário está chegando. "É mesmo!". Um ano... Tão bebê ainda, mas tem progredido muito. "Demais!".
Eu sou muito ruim. "Como assim, ruim?". Não sei, só sei que sou. "É mesmo? Mas... como assim?". Ruim. "Ruim ruim, ou ruim ruim?". Ruim ruim. "Não entendi". Nem eu. "Vamos até sétimo".
Está bem:

O Outro (musicado por Adriana Calcanhotto)

Eu não sou eu,
Nem sou o outro
Sou qualquer coisa de intermédio
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o outro.

Mário De Sá Carneiro

sábado, 9 de maio de 2009

Do barquinho, uma saudade


O Barquinho

Dia de luz
Festa de sol
E o barquinho a deslizar
No macio azul do mar
Tudo é verão
O amor se faz
Num barquinho pelo mar
Que desliza sem parar
Sem intenção nossa canção
Vai saindo desse mar
E o sol beija o barco e luz
Dias tão azuis

Volta do mar
Desmaia o sol
E o barquinho a deslizar
E a vontade de cantar
Céu tão azul
Ilhas do sul
E o barquinho é um coração
Deslizando na canção
Tudo isso é paz
Tudo isso traz
Uma calma de verão e então
O barquinho vai
A tardinha cai

Ando ouvindo algumas músicas de bossa nova para me ajudar na criação da minha personagem e achei essa música, "O Barquinho", só que na voz de João Gilberto. Mas quando ouvi, logo me lembrei da minissérie "Maysa".
Como uso o blog para registrar momentos e estou no meio de uma oficina de interpretação para cinema, com a diretora Gabriela Linhares, resolvi registrar aqui meu "material" para composição daquilo que chamo de "minha arte".



Chega de Saudade

Vai minha tristeza
e diz à ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza, é só tristeza
E a melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim


Silêncio! Deixe o som rolar... Vamos curtir esse momento e mais nada. Vamos até o fim.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Meu querido avô


Há um ano o senhor Agenor, meu avô, faleceu. Gostaria de ter escrito um belíssimo texto para "postar" aqui, mas ontem eu comecei a fazer uma oficina de interpretação, voltada para cinema, e está tudo uma correria. Por outro lado, no dia do meu aniversário - e dele também - eu escrevi um texto para o homenagear e, também, agradecer; porque meu avô me ensinou uma das coisas mais importantes em minha vida:

No dia-a-dia, uma ausência. No coração, aquela velha presença, uma vez plantada e cultivada pelo senhor Agenor (meu avô). Ele está fazendo falta. Estamos todos com saudade. Mas será que ele realmente se foi?
Meu avô deixou um pouco dele em todos nós. Como grande "entendedor" de hortas e jardins, ele enxergou em nós prosperidade. Plantou uma semente, adubou nosso solo, regou-nos com muito cuidado, sem exagerar uma gota. Ele podou nossos galhos e fez de cada um, uma árvore bela e forte, daquelas que dão frutos.
Vejo que o senhor Agenor está em sua esposa, seus filhos, seus netos, bisnetos, genros e noras... Ele esta em todos os que tiveram oportunidade de conhecê-lo.
Não é preciso vídeos, nem fotos, é fechar os olhos que eu ouço aquela risada sapeca sempre acompanhada de algum comentário. Lembro-me claramente do seu jeito de caminhas, a maneira como segurava uma colher... e como comia com gosto!
Acredito que eu aprendi com meu avô uma das coisas mais importantes da minha vida, que é dar valor a essa imensa família que tenho. Se sou como sou, fruto do meio, é porque cresci aqui, na casa da minha avó.
Hoje, dia 24 de abril, data de meu aniversário, eu gostaria de agradecer a todos vocês por tudo e, também, ao meu avô, que me mostrou nos seus atos, a grandeza de ter uma família, essa família, os Sousas com z e com s.

Ano passado, em julho, quando eu estava em época de apresentações, fiquei chateado por pensar que o senhor não iria poder me prestigiar no teatro. Cheguei a sonhar que estava apresentando e via-o na platéia. Ah, como chorava ao vê-lo ali. Pouco depois desse pensamento, lembrei-me que muito pelo contrário, a partir de então o senhor estaria sempre me assistindo e acompanhando todo o meu progresso, seja no teatro, seja aonde eu estiver.
Meu querido avô, sei que estás bem. Pode até ter morrido em carne, mas em espírito, continua presente em nossas vidas. Como disse a todos que estavam presente em sua casa, no dia do nosso aniversário, o senhor está com a gente em todos os lugares, na memória, no coração, nos valores ensinados, na nossa conduta... Gostaria, mais uma vez, de te agradecer por tudo.

Muito obrigado, meu vô!